Após ensaiar minha meteórica volta algumas semanas antes do ano novo, dei para trás, ante o volume anormal de coisas para fazer e problemas ocupando minha cabeça: compras de natal, aniversários e o stress pré férias.
Sim, stress.
E férias, de novo.
Lembra aquela viagem ma-ra-vi-lho-sa que os familiares de meu namorado entubaram na gente, que custou quase o triplo da diária em comparação às demais épocas do verão? Pois é.
Como não posso tirar uma semana, fui obrigada a tirar 15 dias. E sem chance de viajar na semana antes do cruzeiro. LINDO. A boa notícia é que não tive que pagar 8 horas no banco de horas pela liberação nos dias 24 e 31 de dezembro.
A primeira semana de férias foi um porre. Podendo estar no conforto do ar condicionado do meu trabalho, estava de férias, em casa. Com meu ar condicionado que hoje descubro não dar vazão de dia, trancafiada no quarto, zonza pelo calor, sem ânimo para sequer por o pé na rua. E pra piorar meu namorado não conseguiu 2 semanas de férias, apenas os dias entre o natal e ano novo. Lindo não é?
Natal foi aquela pasmaceira de sempre. Casa da família no interior, no melhor esquema come, bebe, dorme que o tédio mortal lhe impõe, por ter que fazer sala para trocentas pessoas que passam lá para visitar sua tia e se espantam: "nossa como vc cresceu!"; "Pois é, já tô assim há quase 20 anos não lembra???".
Ao menos já dormia melhor, embora faltasse bastante para recuperar meu status de Bela Adormecida.
E chega o temido dia: a tal viagem em família.
Antes que alguém chegue e me chame de anti social, chata e etc, gostaria de declarar que eu adoro meus sogros, meu enteado e gosto de todos os demais familiares relacionados que ali estavam e que não tinha absolutamente nada contra viajar com eles, nada mesmo.
Minha restrição foi por causa do preço desnecessário e o destino: Salvador, Búzios e Ilha Grande. Além de conhecermos os três, meu namorado odeia a Bahia e reclama até dizer chega quando tem que ir lá. E eu, por meu lado, tenho um conceito de férias diferente (leia-se ir pra bem longe e bater perna o dia inteiro) e em nada me agradou o esquema hamster enclausurado, mas enfim, ele implorou para que eu não deixasse ele sozinho e acabei indo. Coisas do amor.
A viagem começou mal: tempo nublado e chuviscando. PERFEITO para um cruzeiro.
O check-in era uma zona e totalmente desorganizado. Chegamos antes das 13:00 e só conseguimos largar as coisas no quarto e almoçar por volta das 15:30. E ele tenso porque estava em jejum desde cedo, mas quem manda não tomar café da manhã?
Saindo do almoço, fomos dar um rolé no navio, conhecer a embarcação... e que decepção. Chuviscando, nublado e ainda assim tinha uma multidão que já estava jogada na piscina desde o momento que chegou. E gente de nível beeem baixo, falando alto, biquinis exdrúxulos e por aí vai. Devem ter vendido os passeios em carnê de 24X só pode.
Vimos o navio partir, legal, voltamos para a cabine. Organizamos nossas coisas, vimos qual era da varandinha e fomos dar uma descansada até a hora do jantar.
Aí veio o próximo stress: haviam 2 turnos: às 19:30 e ás 22:15, advinha em qual caímos hein, hein, hein????
Foda que quem organizou esta zona sabe que eu durmo cedo e que meu namorado toma medicação com horário certo e que não pode mais comer após as 23hs (e tem que esperar uma hora depois para tomar o remédio e poder dormir).
Fomos para o jantar, sonhando que ao menos isso compensaria todo o tormendo e dinheiro gasto, afinal, nas fotos parecia que a culinária seria o ponto alto do cruzeiro.
Ledo engano. Comida fraca, insossa, nada de especial, nadinha. E opções limitadíssimas. No primeiro dia já percebi que teria problemas pois não curto carne vermelha, nem porco, nem de peixe e sou alérgica a frutos do mar (que por sinal odeio). Italiano tem algum problema muito sério com carne de aves, só pode.
O opção de queijo de entrada que parecia uma ótima, já que eu não como saladas com folhas (que era a única opção "criativa" de entrada") só foi boa no primeiro dia: brie, camembert, gorgonzola, variando em cada prato. Nos seguintes era queijo minas, provolone e queijo prato mesmo.
Nunca estive num lugar tão barulhento na minha vida. As piscinas ficavam lotadas mesmo com o tempo mais ou menos e cheio de gente mal educada.
Ah sim e as piscinas eram MÍNIMAS e, a despeito dos avisos que ali não era local para nadar ou pular, apenas para se refrescar, crianças pulavam o tempo TODO no diacho da piscina, de forma que nem passar perto era bom. Nos poucos momentos de sol eu desisti, já que era um porre ser molhada de 5 em 5 minutos.
De resto, NADA de interessante no navio: academias sempre lotadas, os "teatrinhos" idiotas, a animação nas piscina era conduzidas por verdadeiros retardados que faziam gincanas idiotas, ensinava coreografias com músicas baianas de baixo calão e apelo erótico para crianças, sem contar o fantástico Miss do navio, que fazia pessoas tenebrosas circularem em fila. Muito medo.
Pra pessoas mais idosas e gente com criança pequena pode até ser legal. Os clubes para as crianças de 3-14 anos eram a única coisa que parecia funcionar. As recreadoras não pareciam retardadas e as crianças pareciam se divertir bastante. Além de dar descanso para os pais em 3 turnos.
Havia stress todo dia: ora por causa da comida, hora por causa do barulho, de forma que grande parte da viagem passamos no quarto, a único lugar seguro da bizarrice.
O único passeio que fomos, praia do forte, para não ficarmos em salvador foi um fiasco. Disseram que o passeio seria saindo de manhã e voltando no fim do dia, mas ao chegarmos no ônibus da excursão, descobrimos que eram apenas 6 horas e que 13:30 voltariamos para o navio, já que eram quase 2 horas de viagem para ir e para voltar.
Fiquei puta. Chegamos lá às 11:00 e tínhamos módicas 02:30 para almoçar e visitar o projeto Tamar, já que ir na praia era impossível. O almoço demorou bastante e o projeto Tamar, apesar de maravilhoso, foi um pouco frustrante, já que as coisas legais, como ver as tartaruguinhas indfo pro mar e alimentá-las só acontecia após s 15:00hs. Não deu tempo para absolutamente NADA.
Búzios foi outro desastre. Descemos por nossa conta e nos arrependemos de sair do barco: uma TOTAL desorganização no local de desembarque e, ao contrário dos dias
em que choveu, um sol animal e escaldante. Andava cambaleante pelas ruas. Resolvemos almoçar e voltar ao navio, e enfretamos mais de 30 minutos para embarcar. E ao chegar lá, sonhando em dar um mergulho na piscina para refrescar, o tempo fechou e esfriou. VDM.
Ah sim: o tal "jantar de gala" que presumidamente seria especial foi um fiasco. Comida sem graça como nos dias anteriores, gente indo de bermudas e chinelo e, a nada do Capitão dar as caras.
Aí veio o ano novo: empolgados, esperávamos algo melhor mas nada de novo ocorreu, pelo contrário. Enquanto um cunhado, rpimo e pais se declaravam extasiados porque havia uma lagosta como prato principal (de pouco mais de um palmo) eu fiquei CHOCADA de, numa ceia de ano novo, não ter nenhuma comida típica: nada de tender, chester, peru, lombinho. Nem farofa, nem arroz com lentilhas. NADA. Ah sim, ofereceram uma taça de prosecco de péssima qualidade e uma sobremesa bizarra. Comi apenas a entradinha de queijos, o risoto e um prato de massa, o mesmo de sempre.
Aliás, que porcaria de cruzeiro é esse, que se diz Italiano e que só oferece de opção de massa spaguetti ou penne, ao sugo ou à bolognesa? Cade o Gnnochi? O molho à carbonara, ou ao pesto? Nadica de nada. Ah, teve uma microlasanha. Indigna de nota.
Comi péssimamente, mas haveria um buffet noturno de no novo, e esperava comer mais alguma coisa lá. Vc acha que tinha alguma "comida" típica lá? NADA. Frios ordinários, queijos simples. Praticamente não tinha fruta e tinha alguns pães estranhos pendurados em um palito. Ah sim, e comida japonesa estranhíssima e via-se claramente a ponta do filezinho de salmão ressecada, escurecida e soltando do bolinho de arroz. ECA.
A queima de fogos foi aquilo mesmo, igual se vê da praia. O que eu particularmente não acho graça ALGUMA. Mas meu namorado amou, ficou extasiado e ainda comentou que naquele momento entendia "porque eu não tinha achado graça nos fogos da Disney". Quase isso. Mas valeu a pena por ele, que nunca tinha visto, nem a família dele. E só.
Com o dinheiro de uma cabine (estávamos em 4 cabines) dava pra pagar a entrada para TODOS em uma festa de boa qualidade e de frente para os fogos.
Ah sim, e haviam os restaurantes à la carte. Caros, tinha que reservar e a comida deixando a desejar. Meu namorado foi no buffet de japa e disse que foi o pior japa da vida dele. E o curioso: todas as vezes que tentou ir sem reserva foi barrado, mesmo estando o restaurant e permanentemente vazio.
Fiz uma sauna de graça porque comprei alguns produtos de cabelo ligeiramente em conta da Kerastase, ali era mais humano, já que, por ser pago, quase ninguém ia.
Até na hora de desembarcar foi estressante. Apesar de só chegarmos às 8 da manhã, tivemos que fazer as malas na véspera e deixar no corredor antes das 2 da manhã para serem recolhidas. E tivemos o frigobar trancado. Ah sim, e tínhamos que sair do quarto às sete da manhã. SETE.
Tomamos café da manhã (ao menos teve isso) e depois tivemos que esperar até 10:30 (DEZ E MEIA) para COMEÇAS o desembarque. E sabe o que aconteceu nesse meio tempo? Fecharam os restaurantes e bebedouros dentro deles. Os bares não aceitavam mais o cartão-chave, nem crédito e só dólares. Vc levou dólares? Nem eu!
Meu sogro tinha uma nota de 50 dólares apenas e o atendente do bar riu da nossa cara. Meu namorado estava puto da vida porque tinha que tomar um remédio, chamei um funcionário e esse, graças a Deus tinha bom senso e ordenou que abrisse uma garrafa e servisse um copo a ele.
Depois do tumultuado desembarque, gostaria de consignar que a despeito das fitas com cores e colunas para indicar o local da mala (1, 2 ou 3), elas foram colocadas aleatoriamente! Nossas malas sequer estavam juntas. Perdemos uns 10 minutos tentando achá-las.
Quando saímos, meu namorado só faltou beijar o chão. Esperamos muito por um táxi, mas eram insuficientes para a quantidade de pessoas que ali esperavam. Sorte que meu pai estava em casa e buscou a gente.
Lições aprendidas:
1) Cruzeiro dentro do país, NUNCA MAIS. Antes tivéssemos ido no que ia a Buenos Aires, certamente seria mais agradável e divertido.
2) Cruzeiro de 7 noites, NUNCA MAIS. Os de 3 ou 4 noites podem até ser interessantes, mas tanto tempo assim não é legal.
3) Cruzeiros em altíssima temporada (natal e ano novo) NUNCA MAIS. O preço deste mesmo cruzeiro, mesmo navio, fora da época de festas custa um pouquinho mais do que a metade do que pagamos. Aí, pelo que se tem à disposição, até pode valer a pena.
Ah, e esqueci de contar: no fim de semana seguinte, família reunida, falando do cruzeiro, o cunhado "sugeriu" que talvez tivesse sido melhor se tivéssemos optado por uma outra companhia, no sistema all inclusive de verdade, incluindo bebidas. Os pais do meu namorado acharam que talvez fosse legal mas meu namorado desta vez foi categórico: viagem em família agora só se EXLCUIR cruzeiro e/ou Bahia.
Se a idéia é reunir a família toda, acho que a viagem deveria agradar a todos não?
Ficaram chateados pois ele falou grosso mas acho que caíram na real. Há poucos dias chamaram ele e falaram que tomaram uma brilhante decisão: que no ano novo cada um decidiria para onde iria, que não teria mais essa história de todo mundo ser obrigado a passar junto, para evitar o stress desse último.
Meu namorado comentou ser uma ótima idéia, mas que se os pais resolverem algo que o agrade, que ele iria passar junto. Pelo sim pelo não, sugeri a ele que pelo menos uma vez na vida passe LONGE. Acho que sentindo a ausência dele, no ano seguinte as coisas no outro ano serão bem diferentes e que provavelmente ele será convidado a participar com a sua sugestão.
E é isso. Agora vou lá organizar minha vida e ver se ponho esta josta de blog em dia.