Amor, sempre ele, tema recorrente na minha vida.
Sim, Mary tem sentimentos. Ama, chora, sofre como qualquer mortal.
Ela se relaciona e tenta fazer isso da forma mais transparente possível.
Sinceridade com os outros, consigo mesmo, com a vida. Onde ela anda?
Sim, este é mais um daqueles post reflexivos que você costuma ler por aí, o clássico, pós-quebra-de-um-possível-relacionamento. Só que aqui eu não escrevo choramingos nem lamúrias. Faço auto-análises críticas para expiar minhas dúvidas, culpas e seguir em frente.
Com o passar dos anos e o término do meu último relacionamento de fato e de direito por assim dizer, posso dizer que, de certa forma, sofri algum tipo de mutação. Sim, mutação, pois o que tem acontecido comigo definitivamente não deve ocorrer com pessoas que são nativas deste mundo.
Eu custo a me apaixonar, mas quando isso ocorre, jogo de cabeça. Se é pra ser, que seja direito. Só sei ser assim. Não espero recíproca, mas tolerância, até porque a velocidade de homens e mulheres nunca coincide. E sou do tipo que prefere não ter a ter pela metade.
Só que por mais que eu goste e me sinta bem quando estou com a pessoa, se a postura dela longe de mim não me dá segurança... eu não me sinto bem. Isso me deixa angustiada e quando isso acontece eu forço a barra mesmo para até a pessoa tomar uma posição ou romper.
Sim de propósito. E não me tranco em casa afundando em depressão por dias, semanas, meses. Me concedo no máximo um dia de luto.
Acho que se a outra parte se importa com você e quer estar contigo ela deve fazer um mínimo de sacrifício. E isso não significa te ver todo dia, ligar loucamente, mandar um milhão de emails. É saber que com gestos simples se faz presente e se preenche a necessidade de uma pessoa. Oi, Bom dia, boa noite, como foi seu dia no final de um dia estressante fazem milagres e arrancam sorrisos até mesmo do mais massacrado dos seres humanos.
Quando isso ocorre e a pessoa não entende, invariavelmente, fico triste, frustrada. Sinto falta dela, mas sinto alívio. Acaba o tormento puro e simples. Choro uma noite para no dia seguinte estar bem. Minha cota de sacrifício tem limites e certas coisas eu não consigo tolerar como ausência, silêncio, dúvidas.
Às vezes você escuta algo do tipo: vamos devagar, com calma, só que tudo é relativo. O meu devagar com calma pode não ser o mesmo da pessoa, e aí? Sou ótima para trabalhar com limites, desde que eles existam e sejam bem definidos. Eu sequer atravesso fora de uma faixa de pedestres, como sustentar uma relação com limites invisíveis sem ultrapassar os SEUS limites?
Há anos que não corro atrás de ninguém. Não me exponho, não sorrio, não me mostro. Não me coloco à disposição do "mercado". Fujo. Desde então, todos os relacionamentos que tive nasceram por causa de pessoas que vieram atrás de mim, por qualquer motivo que seja. Isso porque eu dificulto. Aterrorizo mesmo, falo logo todos os meus podres, que pra mim não são podres mas para homens. Digo até mesmo que ronco, hoje em dia até com mais orgulho, depois que descobri que seres roncadores sobreviveram na seleção natural, o que me torna um ser "superior".
Louca? Não. Seleção.
Muito fácil para o homem se encantar pro uma moça bonita. Mas nenhum se arrisca, por mais bela que ela seja, se ela for mau-humorada. São poucos os que se atrevem a tentar desenterrar um pouco mais sobre ela. Poucos realmente se importam em conhecê-la, e menos ainda são aqueles que se dispõe a entendê-las. São pessoas como esses últimos que acabam namorando comigo.
Obviamente nenhum deu certo afinal, não estou com mais nenhum deles, mas foi bom enquanto durou. Terminou por diversos outros fatores, afinal, um relacionamento não subsiste somente de amor e de atração, existem variáveis diversas a serem equacionadas para que o amor seja viável: planos, sonhos, rotinas.
O que me choca, às vezes, são as promessas vãs que se faz para conquistar alguém.
Imagine uma pessoa que não esconde suas carências, seus anseios, seus medos, suas necessidade de atenção, seus sonhos. Eu sou assim, eu digo mesmo e sou cara de pau, quando a pessoa se engraça um pouco mais, dando a entender que quer tentar "algo": olha só você tem certeza do que você está dizendo? Mesmo sabendo que eu sou como sou? Você vai encarar mesmo?
E ainda faço a pseudo-ameaça de que tenho tudo registrado em txt em desfavor do ilustre candidato que invariavelmente transmite confiança e medo algum de encarar o rojão que lhe é proposto. Ninguém dá para trás.
O contato é diário, mensagens diariamente a qualquer hora do dia. A pessoa conhece seus horários, sua rotina. Aparece nem que seja pra dar boa noite , não dorme sem essa. É capaz de conversar com você por horas a fio, inclusive em horários em que sabidamente não deveria estar fazendo isso, mas o clima acaba permitindo o deslize.
Aí acontece, tudo é um sonho, encontro atrás de outro, sorrisos, ligações, pequenas promessas. Acaba o feriado e volta-se a rotina. Não será como antes, afinal, a conquista se concretizou, hora de colocar o pé no chão certo? Contato sim, mas vamos pegar leve, afinal, somos adultos, trabalhamos, temos responsabilidades.
Só que de repente a coisa parece fria. O contato some, do nada. Final do dia, uma ligada pra saber se está tudo bem (está sim, claro, tive um dia enrolado!), alguns poucos minutos depois a ligação termina. Infinitamente menos do que era na fase pré-conquista mas OK.
Só que isso se repete ao longo de uma semana inteira e eu não abro a boca. Fico na minha. Na quinta a pessoa fala sobre sair na sexta, ótimo. A gente combina amanhã. E no "amanhã", quase na hora de ir embora, manda a gracinha: "até segunda". O sangue ferve mas antes que possa explodir vem aquele sorrisinho de "estou brincando", combina-se algo, derreto por dentro e tudo fica certo. O final de semana transcorre perfeito. Como a vida deve ser.
O mesmo se repete na semana seguinte e eu começo a me sentir estranha. Tudo bem que o contato anterior era excessivo, mas a falta dele me incomoda e eu não me sinto à vontade para ligar, então, mando um email aguardo retorno, fico na minha. Um dia inteiro sem contato.
Dia seguinte a pessoa aparece, conversa amenidades e fica por isso mesmo. Fala de sexta, por mim OK. E passa a semana assim, agonizante, me torturando, querendo entender. Já tomei mais iniciativa do que gostaria. Passo o fim de semana ainda tensa, relaxo um pouco, mas quando a semana recomeça... volta tudo. Não dá, simplesmente não dá.
Tento expor o que estou sentindo e a pessoa me diz que devemos ir "com calma" e eu pergunto com calma quem cara pálida? Acaso estou pedindo mais do que disse que poderia pedir ou precisar? Defina calma, defina limites. Ele diz, vamos vivendo, um dia de cada vez, quero estar com você. Quero te conhecer, não tem outra pessoa em minha vida, fique tranquila.
A agonia me tira a fome, o sono, a tranquilidade. Quero entender o que houve. Não consigo falar, não consigo me expressar. Passo uma segunda feira horrenda, cheia de dúvidas, completamente angustiada e desconcentrada. Decido: hoje eu vou desabafar.
E desabafo. Espero ele entrar em contato e exponho tudo: quais eram as minhas expectativas e as expectativas que ele gerou. A situação que tínhamos antes e a que vivíamos agora, o que eu esperava e tudo mais. E que ir devagar não era um problema, mas que eu precisava defiinr limites, saber até onde podia ir pra me sentir tranquila.
"Eu gosto de vc, adoro estar contigo, mas sinceramente não sei se estou pronto ainda". Pronto para quê? Pra sair com alguém e conhecer? Então como vc comete a loucura de sair com alguém como eu, sabendo como sou? Não deixei claro? "Sim, você deixou claríssimo! Você é encantadora, não consegui não tentar, mas não posso dar o que você quer". Então porque tentou diachos? "Não sei. Acho que não estou pronto para você. Talvez não esteja pronto para ninguém." APLAUSOS!
Queria entender como não consigo sentir raiva. Avisei que deletaria meus acessos, mas que ele continuaria tendo acesso a mim. E só fiz isso pois ele demonstrou mais dúvida do que falta de sentimento, mas tenho minhas dúvidas. Só não avisei que o "acesso" não duraria mais que 72horas, tempo máximo que meu coração aceita retratações. E eu não mando mais recado, não dou notícia, não ligo, desapareço da vida da pessoa mesmo.
Chorei, chorei muito. Conversei com n amigos (obrigada amigos!), desabafei, chorei de ficar com olhos inchados, queria entender. Isso antes da conversa derradeira.
Eu gosto de atenção, não nego. E eu PRECISO me comunicar. Seja por telefone, por mensagem, bilhetinho, fax, eu sou um ser que se comunica. A pior coisa que pode me acontecer é me isolar do mundo das pessoas. E a coisa que mais me machuca e enlouquece é o silêncio.
Quer por suas chances comigo abaixo? Fiquei um dia sem falar comigo sem um justo motivo. Eu desmorono, perco meu centro, me perco. Coloco tudo abaixo mesmo em prol da volta da minha sanidade mental.
Acho ridículo pessoas que se rastejam, correm atrás lamentando, rastejando, ainda mais quando ouvem um : eu não gosto de você ou eu não te quero mais. Eu mesma sofro até hoje com um que me persegue, mesmo depois eu tendo feito de tudo para deixar claro que tinha morrido. Ignoro ele há MESES e ele continua mandando recadinhos.
Aliás, ele passou por mim ontem na rua e me viu. Antes da conversa derradeira. Às vezes não me pergunto se não foi ele de novo. A maldição. Como se fosse um gato preto atravessando a minha vida.
A única pergunta que não quer calar é o porquê dessa diferença na mecânica da paixão e amor de homens e mulheres. Mulheres apanham, apanham mas estão sempre abertas a começar de novo, querem o relacionamento, querem arriscar e se não der termina. E eles com medo de sequer começar. E depois se dizem o sexo forte!
Só sei que acordei hoje com o coração frio, a cabeça idem. Tomei meu banho, me arrumei, fiz tudo como de costume, cheguei mais cedo ao trabalho e resolvi escrever. A angústia se foi. Os medos e as dúvidas idem. Não senti falta dos telefonemas nem de receber emails dele. Minha vida segue.
É o fim. Ou um novo começo.
E como dizem que no Brasil o ano só começa depois do carnaval... Feliz ano novo.
Atenciosamente,