Wednesday, May 13, 2009

Murphy: tava demorando...


Pois é pessoal, acabou-se o que era doce e Mary está de volta ao batente.

E já estressada novamente, pois São Murphy acordou pra vida, viu que eu estava de férias e disse assim mesmo: ih, como assim? E acabou minha felicidade e serenidade... ao menos foi no último dia!

Na véspera da viagem voltei para Roma, para passar minha última noite perto da estação de trem que me levaria ao aeroporto. Na volta de meu último jantar, achei melhor passar na estação e comprar logo meu bilhete para o dia seguinte.

Meu vôo saía 09:35, o ideal seria chegar 07:35, já que meu check-in fechava as 08:45. Os trens demorava, cerca de meia hora e tinha duas opções: 06:52 ou dormir um pouquinho mais e pegar o de 07:22. Pelo sim pelo não, resolvi pegar o primeiro.

Como a estação ficava a EXATOS 5 minutos a pé, decidi que sairia 06:30, 22 minutos seriam maiss que suficientes para chegar lá, validar meu bilhete e me acomodar confortavelmente. E, ainda, comprar um sanduba e um nescafé nas maquininhas próximas à plataforma. E foi aí que Murphy resolveu acordar.

Tudo aconteceu conforme eu havia me programado: acordei, tomei banho, desci com a mala, mandei meus últimos emails. Despedi-me do staff do hostel, ainda sorridente e fui para a rua 06:30 em pontinho. Atravesse a calçada para pegar o outro lado, mais plano. A mala agarra e na hora que puxo... a roda termina de quebrar e ela passa bem em cima do meu pé. PQP que DOR!!!

Não sei se contei mas torci os dois pés em diversas situações. mas como nada abalaria meu humor, tava com Biofenac na bolsa e fui feliz. Mas agora meu tornozelo doía horrendamente. Algo duro da mala bateu bem naquele osso e ainda na canela e as lágrimas desceram.

Pela primeira vez em três semanas falei palavrões em altos brados no meio da rua, cagando e andando pelo fato de ser 06:30 da manhã e de as pessoas estarem dormindo. Até porque, estamos na Itália e aqui TODOS falam berrando. Você nunca sabe se duas pessoas estão realmente brigando ou conversando animadamente.

Me recompus, pus a filha da mãe na calçada e resolvi empurrá-la curvada, para usar os rodinhas menores ao invés das principais. Andava mas muito devagar.

Já estava suando frio e esgotada, pois os pés doem, tenho uma pesada mochila nas costas, uma bolsinha a tiracolo e uma sacola enorme com as massas, temperos, chocolates e demais coisas que comprei pra levar pra casa. Mais um tranco e a mala bate de novo em mim. Vou à lua e volto!

Devido puxá-la de costas para evitar mais choques nos meus pés. Um deles ainda lateja. tudo iria bem, até o momento em que acerto uma lata de lixo em cheio pois quando olhei, não vi. Pronto, agora as costas também doem!

Então contiuei arrastando, ora de frente, ora de lado, ora de costas, e muitas, muitas trombadas da maldita mala na minha canela ou no meu tornozelo.

Chego na estação de trem às 06:48, ou seja: levei 18 minutos pra fazer um percurso que normalmente faria em cinco minutos a pé e começo a voar, já que lá o chão é liso e a plataforma, hahaha, é a ÚLTIMA (são 25 ao todo) e fica do outro lado da estação. LINDO!

Fico imaginando o que seria de mim se tivesse que pegar as filas monstruosa para comprar o ticket a esta hora, nas maquininhas. Corro loucamente, atropelo minhas pernas mais uma vez e quando o trem está quase partindo desabo na frente dele!

O funcionário se aproxima pra me acudir, me ajuda a me levantar, a colocar minha mala dentro do trem e ele parte. Consegui!! Agora começo, calmamente, a procurar um lugar para sentar e infelizmente descubro que não estou no vagão com cadeiras duplas, mas naquele que tem cabines. Nem pensei, enfiei a mala no chão, entre duas cadeiras e pus as pernas em cima.

Tenho feridas em ambas, meus tornozelos estão inchados; ambas as canelas sangram e estão IMUNDAS de poeira, assim como minha sapatilha. Nunca me senti tão imunda na minha vida inteira. E faminta.

Mas agora tudo é festa! Em alguns minutos estarei no aeroporto, vou despachar todo esse peso, tomar um belo café da manhã e, em algumas horas, passarei um agradável dia ensolarado em Paris! Ou não?

Alguns minutos depois o trem para no que parece ser uma estação "Roma - Ostiense" mas ela parece vazia. Diferentemente das demais não há maquininhas de lanche e mendigos dormindo nas pistas. depois de alguns minutos parados vejo pessoas andando de um lado para o outro, gente pedindo por informações em todas as línguas possíveis, várias reclamações.

Aparece o funcionário da companhia avisando que o trem não vai sair dali mas não explica nada! Quebrou? Morreu? Faltou energia? Tem que ser muito doido pra dar uma notícia destas a uma turba que estava dentro de um trem cujo único destino é o aeroporto internacional ou seja, TODO MUNDO com hora marcada pra chegar.

Todos descem, andam de um lado pro outro, todos muito irritados, inclusive eu. E o diacho do funcionário nem pra dar uma informação direito. Quem sabe italiano e inglês tenta passar informações para acalmar os demais, até que ele explica que o trem seguinte, das 06:52 passaria ali em breve e tomaríamos o mesmo. Beleza, pegar um trem lotado e viajar em pé com uma mala pesada e mochila. Mas vamos relevar, já já isso acaba.

O trem das 06:52 saiu com atraso, também teve problemas e saiu era quase 07:30. Fica parado um bom tempo para embarque e acomodação de todos os passageitos, de sorte que chego na estação final 08:30 e tenho que sair VOANDO para o aeroporto e encontrar meu vôo.

Só que não há ninguém para ajudar: nenhum funcionário do aeroporto, nenhuma placa, nada. Começo a chorar diante de várias TVs com informações que não me dizem nada, até que um faxineiro chega e interpretando meu bilhete, me dá uma direção e saio correndo. 08:35, tenho 10 minutos.

Chego no terminal correto, vejo meu vôo. Mas cadê a porcaria do balcão da Air France? Só tem terminal da Alitália? Será que errei? PQP!!!! Entro em desespero mesmo! Corro de um lado pro outro e nada, até que um guarda, me vendo surtada, me para e tenta me acalmar enquanto explico que procuro o balcão da Air France.

Descubro que meu vôo é Code-share, que vou para Paris de Alitália e lá pego o avião da Air France para o Brasil e que posso fazer o check in qualquer balcão. PQP custava por isso na merda do bilhete? Ali constam dois vôos da Air France!

Chego no local e filas, mais filas. 6 minutos para terminar meu cehck in, pego a primeira pessoa pelo braço, mostro o bilhete e peço: me coloc apra dentro já!! Agora! Prego diz a moça, passo na frente de todos e faço o check-in no limite. E a moça do balcão ainda quer que eu leve a mochila dentro do avião.

Aviso logo: queridinha, tenho conexão de DOZE horas em paris, DOZE sabe o que é isso? Essa mochila pesa DEZ quilos e eut enho direito a DUAS bagagens de 32kg e eu vou despachar essa merda e ai de vocês se minha mochila estraviar ou se danificar!!! Em bom e alto Italiano recém aprendido.

Assustada ela vai lá dentro e volta com um saco plástico "Alitalia", me mostra sorridente e embrulha a mochila. Menina esperta! Entendeu o recadinho!

Pego meus bilhetes e vôo para a sala de embarque, no limite. Coloco os pés para dentro e imediatamente meu vôo é anunciado, corro para a fila de embarque com passaporte e cartão na mão. A atendente da Alitália me olha de cima a baixo mas eu tento manter a pose. Estou coberta de poeira e minhas mãos imundas e com sangue, afinal, não tive tempo pra nada. Não comi ainda.

Embarco e fico mais aliviada. Deixo as sacolas na minha poltrona e vou correndo pro banheiro me lavar. Sinto um certo alívio finalmente.

Chegando am Paris, tudo é festa. Pego um bilhete especial que vale um dia inteiro de transporte nos metrôes e em certos trens e me mando para Versailles. Ao por os pés na gare descubro que o dia não está ensolarada, mas cinzento, o que não combina em nada com a blusa estampada, colar de contas e calça capri mas OK. Ao menos não está tão frio. Talvez fique um pouco ridículo com a jaqueta de couro mas foda-se, tá na chuva...

As coisas parecem voltar a dar certo, quando desço na estação certa e logo em seguida chega o trem para Versailles. Desço na estação certa e constato que são 5 minutinhos a pé! São quase 13:00 e já estou faminta, por isso, nem discuto quando passo na frente do Mac Donalds, entro e mando pra dentro um mega sanduba em pão ciabatta com uma carne linda, dois tipos de queijo e recheado de mostrada à la ancienne... picante de lágrimas rolarem, muito bom!

Tudo isso com Coca Zero e batatinha nada light.

E vou para o Museu. Compro o bilhete mais em conta, já que não vou ter tempo nem saco de visitar os outros castelos. Só não avisam que pra ver os jardins tem que ter esse aí e eu me ferro... os jardins só podem ser visitados de graça após as 17:30.

Versailles não é tão grande, termino de visitar tudo e nem são 16:00. O tempo está fechando, começandoa cair uns pingos... eu é que não vou ficar esperando uma hora e meia. Dou só uma passadinha perto, tiro umas fotos e vou para Paris. Desço na estação pertinho da torre e lá está ela... impossível não se encantar e tirar um milhão de fotos! Não importa o tempo feio e os chuviscos.

Até que... minha máquina para de funcionar. Sim pára. Troco a bateria e ela nem pisca. Não é bateria. OK, sem estresse, tenho a outra máquina... só que ela também não está funcionando pois não abre! A pelicula que protege a lente não está abrindo!

Algumas tentativas depois, consigo abrir na marra e vejo que a mesma ainda tem no máximo 42 minutos de bateria. Opto pelo passeio de Bateau Mouche para tentar curtir e tirar umas fotos ao longo do sena e a bichinha dura...

Findo o passeio, resolvo ir ao Louvre, quero ver a pirâmida mais uma vez. Pergunto a N pessoas sobre a localização e se está aberto e todos indicam. Vou voando e pego o metrô, afinal, meu limite é 20:30 no metrô voltando pro aeroporto. Chego 20:20 no Louvre e... fechado! PQP! Raiva! Mas não posso perder tempo com piti.

Volto para o metrô, mais uma estação e desço na conexão para o trem que vai para o aeroporto. Chegando lá tem um parado no local onde deveria ser o mesmo, pergunto a um local e ele diz que não é... e era! Entro em desespero será possível??

Um rapaz indiano aparece, me vê nervosa e tento explicar o que aconteceu em francês e ele me mostra na TV, explicando o esquema dos trens: o próximo chega em 5 minutos e é direito, non-stop! Alegria, alegria! São quase 21:00, vai dar tempo! O trem chega, entro e ele começa a ir, tranquila. Tenho uma hora e alguns minutos para chegar com tranqulidade, pois meu vôo é as 23:20 e o check in já está feito: embarque começa 22:10.

Quando de repente, não mais que de repente... o trem para. Os auto falantes anunciam problemas, pedem a todos que se acalmem e não saiam dos trens. Ficamos 20 minutos parados e novamente se repete. São quase 21:40 e eu estou TENSA. O trem volta a andar, entra num túnel escuro e... para tudo de novo e ficamos sem luz. PQP, eu saio do Brasil pra ficar encalhada numa porcaria de trem Italiano e sem luz???

Tento me acalmar e respiro fundo, já que escândalo não resolve. Afinal o avião só decola 23:20, eles não são loucos de deixar um bando de pessoas presas num trem por quase duas horas! Quando estou no limite o trem volta a andar lentamente e não para mais. Irritantemente lento. Chegamos no aeroporto 22:00!

Felizmente no Charles de Gaulle a integração entre os trens e o aeroporto é mais evidente e me acho facilmente. Faço um lanchinho, compro uns últimso chocolates, me dou ao luxo de ficar meia horinha na internet. Meu embarque só termina mesmo 23:10, vou ficar em pé na fila feito otária para quê?

Entro no avião e meu lugar está lá me esperando e eu mortinha. Espero meu jantar pra dormir pois ainda estou faminta e a comida é ÓTIMA. Mais ainda quando vejo no cardápio que dali há pouco haverá champagne e Haagen Daaz à minha espera. Ou melhor, à espera da mendinga molambenta.

Cochilo e acordo no meio da noite e minhas pernas não se mexem! Por causa da posição, finalmente descobri o que pode vir a ser a síndrome da classe econômica: minhas pernas incharam, não consigo dobrá-las, não tenho mais tornoze-los e entrei em pânico! Fui ao banheiro e molhei as pernas, esfreguei as mesmas e elas não melhoravam.

Minha poltrona era de frente para a parede e, apesar de estar sozinha na fileira, os braços não levantavam, pois estas cadeiras tem a bandejinha embutida. Ento no chão para esticar as pernas e a aeromoça me convida a me levantar pois é perigoso, caso venhamos a enfrentar turbulência. Mais perigoso que ter as pernas amputadas ou morrer de trombose? Fala sério.

Me levanto, coloco as prnas na parede e me sinto numa daquelas posturas loucas de Yoga e nada funciona. Começo a caminhar mas estou MUITO cansada. Passo mais uma hora acordada, encontro uma posição mais ou menos e adormeço.. até ser acoprdada por volta das 4 da manhã com o café da manhã chegando e minhas pernas de volta ao normal.

O avião pousa, finalmente e vou voando pro Dutyfree ver minhas reservas, já que, sabendo como Murphy é, minha mala será das últimas... e é o que acontece.

Ainda tive que passar no guichê da Air France pra reclamar da mala. Vão consertar sem custos e, ainda, indenizar o cadeado e os potes de sal de frutas que sumiram na ida.

Sem contar a fila pra preeencher um papel idiota da Anvisa ou do Ministério da Saúde que não dá pra se chamar de triagem onde perguntam se vc teve febre ou sintomas de resfriado nos últimos dias e telefone de contato. Tudo por causa ta gripe suína.

E pra piorar... fila única pra declarar se há bens ou não na alfândega.

Pousei 05:45, só saí do aeroporto 08:00. Lindo não?

Cheguei no trabalho 09:40 sã e salva. E ainda deu tempo de desfazer boa parte das malas, entregar os presentes, separar os pedágios e me certificar que nada, nada quebrou ou se extraviou.

No final tudo deu certo.

Errado mesmo foi ter que voltar pro trabalho.

Shit.


3 comments:

  1. Uau!
    Quanta história pra contar moça!
    Bjos

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  2. Pois é, prezados leitores

    Muita merda junta num único dia e com uma pessoa só.

    Mas após uma breve reflexão pensei, melhor assim. O resto da viagem foi irretocável.

    A máquina já está pronta no conserto.

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