Friday, June 18, 2010

Odeio: falso pedinte

Odeio, odeio com todas as minhas forças e me irrita o falso pedinte. Me irrita mesmo.

Antes que venham me tacar pedras ou me crucificar, boa parte daqueles que realmente precisam de sua ajuda não é aquele pedinte que está batendo na sua porta ou na janela do seu carro.

Durante anos, repito ANOS de minha vida (1993 a 2005) morei na esquina da Haddock Lobo com a Paulo de Frontin ali, naquele sinal, havia o pedinte mais nojento que eu já havia visto: imundo, sempre imundo e exibindo uma bolsa de plástico com urina pra fora, parecida com aquela de colostomia.

Me dava nojo, e mais nojo senti no dia em que precisei ir a posto de gasolina tarde da noite e o vi, ali, sem a bolsa, com uma bolsa de mercado na mãe e trocando várias moedas e notinhas por garrafa de cachaça.

Achei que havia me livrado disso quando me mudei para um lugar onde meu trabalho fica a 5 minutos a pé, me poupando do uso de ônibus ou carro.

Recentemente paro no sinal da Mariz e Barros com a São Francisco Xavier e advinha quem está ali? O próprio! Mas sem a bolsinha de urina. Desta vez com um cartaz, pedindo dinheiro para comprar remédios. Impressionante.

E hoje, quando precisei usar o metrô, coisa rara, pela primeira vez me aparece um pedinte e credenciado: de porte do passe especial, provavelmente de portador de doença crônica, estava lá o cara pedindo contribuição para comprar seus remédios, pois era portador de epilepsia e, por não poder comprá-los, pois custavam quase "trezentos reais" (gardenal, diazepam e omeprazol), estava tomando os referidos remédios na veia. E para sensibilizar o povo, dizia que estava tomando a medicação via jugular, pois os enfermeiros não encontravam sua veia.

Eu não me sensibilizo mesmo.

Primeiro porque, como já fui defensora dativa, sei que para esse tipo de doença TODA a medicação é fornecida pelo SUS. Tá certo que o SUS não é perfeito e pode falhar, mas quando isso acontece, acontece com os medicamentos mais CAROS e de doenças menos comuns, o que não é o caso da epilepsia.

Segundo: como já advoguei em prol de gente realmente pobre e que já precisou comprar medicamentos por morar e não conseguir ir ao Posto Municipal, posso afirmar sem medo de ser feliz que Gardenal e Diazepam são remédios baratíssimos: 30 dias de medicação de ambos não custam mais que 15-20 reais. Isso se considerarmos 2 caixas de 30 comprimidos, já que a maioria dos que assisti toma duas vezes ao dia. Olha em qualquer site de drogaria na net. Omeprazol, um protetor gástrico, custava em torno de 10 reais uma caixa.

Considerando que toda essa medicação custaria módicos 30 reais e que o cara estava bem vestido, considero uma afronta a atitude dele, ainda mais sendo portador de passe especial. Sem contar que quem tem esse tipo de doença geralmente recebe benefício de auxílio-doença. E o que eu já peguei muita gente recebendo benefício e fazendo bico por fora... depois reclamam que o INSS é injusto.

Remédio se cobra no SUS; se ele não tem, se cobra na justiça.

E o infeliz, vendo que eu ignorava ainda veio me cutucar com a mão estendida. Teve sorte que eu não falei umas poucas e boas. E viva o Rivotril.

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