Wednesday, January 28, 2009

Diário de uma viciada (ou reflexões sobre a cafeína)


Cafeína está em alta. O grão dos deuses, o estimulante mor dos cansados e dos estudantes, é sempre alvo de polêmicas. Faz bem? Faz mal? Todo mundo toma!

Aqui no Brasil então...

Uma xícara de 30ml de café forte contém 200mg de cafeína. Os americanos consomem em média 500mg de cafeína por dia, o que corresponderia a 2,5 cafezinhos por dia.

Hahaha eles nem sonham que isso aí não é NEM a primeira xícara do dia de muitos brasileiros.

Recentemente conheci um blog chamado Cafeína, onde havia um vídeo falando sobre características da cafeína e como ela afeta nosso metabolismo e tira nosso sono, nos dando energia. Ali diz que a molécula da cafeína é muito parecida com a adenosina, substância que quando absorvida pelos neurotransmissores, dá sensação de relaxamento. Quando a cafeína entra na competição e é absorvida promove um pico de energia que pode durar até duas horas.

Artigos recentes dizem que pode causar alucinação. Pode causar dependência. Pode deixar as crianças mais espertas e facilitar o aprendizado. O que é verdade? O que é mito?

Dependência e vícios são conceitos relativos. Tudo em excesso faz mal e existem vários tipos de vícios. Uns fazem mais mal que outros evidentemente. Outros fazem mal mas as pessoas ignoram por conveniência. E tem aqueles que te fazem mal sem você saber.

Como toda pessoa normal, tive minhas cotas de excessos na vida, os pequenos vícios; aqueles que não são exatamente reprováveis socialmente mas que, de uma hora pra outra você acaba percebendo que vive melhor sem eles e, então, faz um exercício de sacrifício para expurgá-lo da sua vida ou, então, enquadrá-lo de forma tolerável.

O viciado geralmente não aceita que é dependente. Ele nega. Aquilo que dá prazer não pode ser tão pernicioso, principalmente quando não se trata de álcool e droga, os únicos vícios que realmente saltam aos olhos de todos, até mesmo das vítimas diretas.

Eu descobri que era viciada, por acaso. Pelo meu café. Ou melhor, pela cafeína.

Inconformada com o sobrepeso que não voltava atrás e com medo de retornar à minha condição "fofa" de uns 8 anos atrás, ao invés de partir pros remédios como todo mundo faz (losers preguiçosos), procurei uma nutricionista, na internet. Encontrei uma interessante, com especialização em doenças metabolicas (eu tenho hipotireoidismo) e em nutrição esportiva (faço muita atividade mas não estava conseguindo emagrecer).

E lá fui eu nela, depois de muito rezar, no dia 2 de janeiro de 2008, a resolução para o então ano novo: vou exorcisar os kg a mais aprendendo a comer. Vocês vão sair deste corpo porque ele não te pertence!

Cheguei lá resignada, cabeça baixa, pensando cacilda, ela vai dizer que só como besteira e vou viver a base de ervilhas...

Chego lá e sou recebida pela mesma. Moça jovem aparentando bem menos idade e em ótima forma. Excelente credencial para uma nutricionista. Afinal, como confiar numa nutricionista gordinha, com todo respeito? Chego, relato minha rotina diária, minhas atividades físicas e mais ou menos minha alimentação.

De fato, muitos dos maus hábitos foram extirpados quando comecei a tratar a tireóide e emagreci. Com base nas orientações da endocrinologista, cortei radicalmente gordura e demais porcarias, biscoitos recheados e tal e, com os anos, aprendi a comer melhor pois tinha mais oportunidade e opções na rua do que em casa.

Após a entrevista, a tortura básica das medidas. Como uma pessoa de 63kg e 1,67 m pode ter 33% de gordura? Fala sério. (E era verdade, pois a babaca aqui foi pagar pra fazer uma nova avaliação na academia e SIFU.)

Ao final, dieta pronta, 7 refeições por dia (aonde vou enfiar isso tudo? segundo estômago?) ela só me restringiu 3 coisas: leite e seus derivados pois eu certamente era sensível, sal porque eu consumia demais, evitar sucos cítricos e... cortar qualquer coisa com CAFEÍNA.

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Minha mente congelou no tempo. Vi minha vida passar por diante de meus olhos...

Três anos de idade.

Me lembro claramente das pessoas brigando comigo e eu me divertindo no café da manhã. Eu nunca gostei de leite e convivendo numa família mineira,o café CHEGA até você. Alguém me passou a xícara com o líquido preto e docinho e amei de cara. Pedia. Depois implorava. Chorava.

Tomava café com leite contrariada mas logo depois pedia café puro. Subia em cadeiras para chegar na garrafa do primeiro café coado, o mais forte.

E era assim de manhã, de tarde e de noite, já que nunca tivemos hábito de jantar em minha casa.

Na escola, a minha lancheira tinha sempre aquela garrafinha térmica, 600 ml com... café com leite... que antes do ginásio era de café purinho.

Pausa para contas: se 30ml de café = 200mg de cafeína, logo 600ml de café = 4000mg de cafeína. 500mg? Hahahahaahhahaa. E nem pus nessa conta a xícara do café da manhã e a xícara do último lanche da noite.

E assim café foi uma constante na minha vida. 3 xícaras de chá de afé por dia, fora os cafézinhos que se toma por aí. Quando começou a onda do café expresso então... era um atrás do outro.

Cafeína sempre me pareceu algo útil: ajuda a drenar celulite, estimulante... em excesso pode fazer mal passar taquicardia. Ha, comigo nunca tive nada disso. Sempre fui agitada desde antes de o café entrar na minha vida.

Café é um ritual.

Quando passei a morar sozinha, café era uma das poucas coisas que sempre tive em casa, em quantidade e variedade. Tenho uma cafeteira elétrica, duas italianinhas e, por vezes, gosto de fazer à maneira clássica, com coador de pano. O cheiro e o sabor me inebriam.Me relaxam. Me fazem sorrir...

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Pára tudo! (Do verbo parar e foda-se o acordo ortográfico)

Tem uma louca querendo me cortar o café??

Acordei do transe.

Ela explica que eu tomo muito café, que meu estômago está sensível, precisa se recuperar, dentre outros blá blá blás que não me recordo.

Além disso, o café produz um estado de excitação que prejudicaria a secreção do estômago. Mas o que tem de mal nisso? Não é assim queele funciona??

Como não sou vaquinha de presépio e não pago por coisas inviáveis, trato de negociar com ela, assim como faço com alimentos. Digo que não dá, amo café, é minha vida. O que beber no café da manhã? Sucos eu só bebo cítricos. Chás também tem cafeína (ah devo evitar guaraná, mate, coca-cola e chocolate em excesso). Eu não vou conseguir.

Tentando chegar ao meio termo e vendo que não ia ter jeito, ela libera os sucos cítricos, exceto laranja, até aí OK, esse realmente não gosto e me faz mal.

Iogurte ou leite de soja? Não obrigada odeio ambos na versão normal, não quero na versão soja. Melhor pra mim, diz ela, pois esses dois fazem muito mais mal do que o comum e vai me ajudar muito, já que terei que diminuir sensivelmente derivados de leite da minha vida, após uma dieta sem os mesmos, radical por 2 meses.

E chega no café, não dá pra abrir mão. TRÊS xícaras de chá cheias de café mais cafezinhos não dá! Então proponhos, vamos reduzir aos poucos. Eu PRECISO pelo menos duas vezes ao dia. Posso diminuir as quantidades, mas não dá pra ficar sem. Imagine, comer ovos mexidos com pão quente sem café?

Então ela libera... duas "meias canecas", da metade para baixo. Mas a última antes das 18:00. Putz vai cortar a antes de dormir? É para você dormir melhor ela diz. Mas eu durmo muito bem! E durmo mesmo, sério. 5 minutinhos conversando com o travesseiro e já estou ressonando deliciosamente.

Começo a dieta numa... segunda feira. Sem grandes despedidas e exageros no final de semana, afinal, não vou morrer, não tenho porque sair atolando o pé na jaca. Acordo, tomo meu MEIO café com o café a manhã. Falta café para terminar a comida. penso, que merda, terei que beber menores quantidades e mais devagar para durar até o final.

De tardinha, lanche da tarde, peço minha xícara de café como de costume mas pela metade. A atendente não entende nada mas atende. Regulo as goladas, curtindo o sabor como nunca e dá tudo certo. Passa o desespero causado pela ausência dos dois cafezinhos que costumava tomar entre o almoço e o lanche. Sem contar o cafezinho APÓS o almoço.

O dia passa, corro para casa que alívio! Me sinto tensa pela falta do café.

O café regular, que tomo todos os dias está no fim, então, nem sonho em comprar mais para não cair na tentação. Melhor só tomar na rua pois posso controlar melhor. Levo o cachorro na rua, vou lavar a louça, tomo banho. Parto para a programação cultural da noite.

São 19:30hs

Sento na frente da TV e nada me anima. Penso na canequinha de café amiga que sempre me fazia companhia.

Desisto, vou ler um livro, difícil me concentrar.

Vou pra internet. Nada de interessante online, poucos emails, não são nem 20:30. Estou com um puta mau humor. Vou é me deitar mesmo.

Entro no quarto, ligo o ar condicionado, pego todos os travesseiros possíveis para tentar suprir esse vazio dentro de mim. Coloco a cama do meu cachorro perto da minha, no chão obviamente. Deito na cama, me enrolo no edredon e espero...

21:00 e nada. Nem um bocejo. Isso nunca me aconteceu antes.

Fecho as janelas e as cortinas. Meu bom e fatal sono, à prova de som e luminosidade está sendo colocado à prova, só pode! Volto para cama, cubro a cabeça, fecho os olhos e simplesmente o sono não vem. Espero algum tempo, pego o celular e puxo pra debaixo da coberta. Abro a tampa e vejo as horas: 22:15! Não é possível!

Passo a noite me revirando na cama. Vou na cozinha, bebo litros de água e de suco de maracujá, mas tudo o que consigo é fazer com que meus rins funcionem exemplarmente e eu vá no banheiro de meia em meia hora.

5 da manhã ligo o foda-se é hora de acordar mesmo. Vou lavar os copos na cozinha, arrumo a cama, cato o que acho espalhado pela casa e quando está perto das 6:00, pego o cachorro e vou para a rua, passeio com ele, vou na padaria, compro meu pãozinho quente para comer com... pastinha de soja.

Nada de mortadela. Nada de manteiga. Ao menos tenho a minha MEIA caneca mal cheia até a metade de café. Enquanto tomo meu café penso, o dia hoje vai ser insuportável. Do trabalho vou pra faculdade onde terei que aturar meus alunos até no mínimo 20:30, o sono vai vir, é inevitável, penso.

17:00, logo depois do meu lanche e sua respectiva MEIA caneca mal cheia de café constato que o sono não veio, nem vai vir. Ligo pra nutricionista entrando em desepero. Ela diz que estou nervosa, que nem deve ser o café, que estou fazendo tempestade em copo d´agua. Me recomenda que compre um maracujina e tome uma colher e depois outro mais tarde antes de dormir. Imediatamente!

Chego na faculdade e por via das dúvidas tomo mais uma. Forte esse troço, tem que funcionar! E em casa tomarei outra! Quando chega minha hora, pego minhas coisas e vou para casa. Chego lá, um pouco antes das 21:00, tomo minha terceira colherada e vou ajeitar tudo. Me sinto levíssima.

Deito na cama às 21:30, costumo dormir às 22:30 mas como o sono está atrasado... eu mereço!

23:00 nada. Deve demorar para fazer efeito.

23:45 me emputeço e tomo mais uma colherada e me viro.

02:00 olho pro relógio e me revolto: PQP ainda não é de manhã!!!!

Vou até a cozinha, olho para o maldito vidrinho e não penso duas vezes: colherada o cacete! E entorno TUDO. Não perco uma gotinha e volto pra cama.

Quando olho pro celular de novo são 02:40. Só pode ser culpa do café! Começo a chorar e vou pra debaixo do chuveiro e fico ali embaixo reclamando da vida, chorando e aumentando a já conta de água altíssima de meu condomínio (espero que meu síndico não seja meu leitor).

05:30, retorno a rotina... fazer o quê? Nem um pingo de sono.

Chego no trabalho e penso: a falta do café definitivamente está me afetando emocionalmente, pode não ser necessariamente a cafeína! Aí tenho a brilhante idéia de ligar pra minha Homeopata, que trabalha com florais de Bach. Eu já vinha tomando alguns por conta de alguns problemas (se você estiver me lendo, pode rir), disse que estava tendo dificuldades para dormir e ela me receitou uns pózinhos e um floral, crente que o problema era o antigo.

Como tem farmácia de manipulação aqui do lado, fiz e comecei a tomar o Rescue Remedy, de hora em hora. Nada de me acalmar, nem do sono vir. Começo a ficar estressada. Sério. Puta da vida, quero socar quem esteja na minha frente!! Porque esta merda funciona com todos e não comigo? Olhei francamente para o vidro e pensei: se não funcionar assim... e entornei. E nada aconteceu.

Aceitei o Game Over por aquela noite e fui pra internet. Felizmente tinha um amigo na Austrália e a diferença de fuso nos proporcionou horas de papo até o dia amanhacer. Deu pra distrair.

8 da manhã quase saindo de casa, encontro uma amiga médica online e peço ajuda. Ela também acha que é emocional e me recomenda comprar um remedinho fitoterápico, o qual deveria tomar 3X, 2 comprimidos se necessário. Disse que me acalmaria.

Lá fui eu, comprei. Comecei a tomar. O dia passa e a tortura prossegue. Não sinto sono, nem cansaço! Como pode? Chego em casa de noite, tomo mais 2 comprimidos e constato que a primeira cartela de 10 comprimidos já foi embora. Leio a bula e lá está escrito: não tome mais que 8 comprimidos por dia. Hahaha!

E começo a chorar copiosamente: estou enlouquecendo, não é possível! Passo horas choramingando e andando pela casa, insone, implorando MORPHEU VOLTA PRÁ MIM!!!!!!

No meio da madrugada acontece o pior: taquicardia, sensação de angústia, o peito aperta e sinto falta de ar. E não não é crise alérgica.

Tento me acalmar mas não consigo: apesar de ser quinta feira, minha mãe não mora no Rio, meu pai e meu irmão são dois bundões hipertensos, se bobear eles infartam antes de mim. Troco de roupa, pego carteira, celular e corro pra um pronto-socorro perto daqui.

Chego lá esbaforida, pálida, os enfermeiros que já me conhecem pois já parei ali por tudo que vocês possam imaginar (crise alérgica, TPM, asma, traumatismo craniano, ombro deslocado dentre outras) me colocam pra dentro e chamam o médico e aos prantos tento explicar o que está acontecendo e minha incapacidade de dormir.

Muito papo e muita água com açúcar me ouvindo bastante antes de mandar qualquer coisa veia adentro ele me olha nos olhos, respira fundo e diz:

- Olha, pode parecer absurdo, mas eu acho que só pode ser o café!

Aleluia um cara sensato! Tinha que ser! Tinha que ser!

Considerando meu histórico cafeínico de longa data ele disse acreditar que certamente eu era dependente da cafeína e que de fato uma redução me faria bem, mas não podia ser radical. Ainda mais em se tratando da última xícara do dia a que mais me relaxava e eu passei um dia inteiro cheia de dor de cabeça, nervosa, estressada.

O que eu estava sentido era nada mais nada menos que uma crise de abstinência. Mas como assim, não uso drogas nem remédios? Cafeína também causa dependência, ele diz, e a falta dela pode gerar o efeito contrário!

Então, chamou um enfermeiro que foi lá fora voltou com... uma mega caneca de café. Preto.

Forte. Cheiroso. BEBE! Obedeci na hora. O café foi decendo e fui me acalmando, me acalmando, me acalmando e já estava sorrindo. Você realmente não colocou nada neste café? Não jurou ele.

Quis voltar para casa mas ele achou melhor que passasse a noite na enfermaria. Foi ver outros pacientes, fiquei conversando com os enfermeiros e menos de meia hora depois estava desmaiada e contando carneirinhos.

Acordo completamente zonza, visão turva, completamente mole. Tento me levantar mas me sinto tonta e caio de costas na cama. Alguém chega perto de mim e pergunta você está bem? Eu digo que estou melhor, mas cansada.

Logo chega o médico, que vem me ver, tira minha pressão, conversa um pouco comigo e diz que não há necessidade de tomar nada e me manda jogar fora o fitoterápico - just in case - já que quando entro em crise, tenho uma *pequena* tendencia a me desesperar quando algo não funciona. Ok!

Olhe bem, diz ele, realmente a quantidade de café que você toma é demais, tenta fazer assim: primeiro corte apenas os cafezinhos, mantenhas as canecas por uns dias. Depois, diminua a quantidade de café em cada caneca, passe a beber pela metade. Aí, tente tirar uma delas e testa até que você consiga tirar a da noite ou mantenha ela conforme o caso. Vai demorar mais, mas será mais fácil, você não ficará ansiosa e se acostumará com a redução mais fácil.

Você definitivamente é dependente (rindo horrores da minha cara) e se estressa com muita facilidade, precisa ser mais leve! Foi só repor o café que você ficou *normal* (OK, deixo zoar porque salvou minha vida) só que não pode deixar o stress tomar conta desesperadamente de você ou fará mal. Agora preciso ir, meu plantão já acabou tem um tempo, estava esperando você acordar para ir.

Como assim me esperando? Mas antes que ele pudesse responder, olho para a parede e vejo que o relógio marca quase oito da manhã... quase oito da manhã? PUTA QUE PARIU!!!

O médico e o enfermeiros me olham com cara de medo, como se estivessem prestes a me amarrar na cama. Calma o que foi, você não está bem? Como posso estar bem? Quase oito da manhã e ainda estou aqui!! Não levei meu cachorro na rua, não me arrumei e tinha que estar no trabalho em 5 minutos! Me dá alta AGORA!

Ele pede calma e diz que não posso sair assim, que ele tem que me examinar antes de me liberar e aviso me libera AGORA ou você vai ver uma pessoa realmente descontrolada e vai ter motivos pra querer me internar!!!

Meio assustado mas ciente de que eu já estava lúcida, me liberou e voei pra casa. Pus o café para fazer e enquanto fazia, desci com o cachorro na rua, voando. Tomei o banho mais rápido de minha vida, me vesti, entornei minha xícara e voei para o trabalho. MEIA HORA ATRASADA. Mas foda-se. Fui tomar o café da manhã e antes das 9 estava em minha mesa.

Anunciei que não estava em um bom dia e fui trabalhar.

E ainda ouvi : Ih, deve ser TPM...

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Nesse mesmo dia, liguei para o hospital e peguei o dia do plantão do médico. Voltei lá alguns dias depois para agradecer e dizer que estava melhor. Segui religiosamente a prescrição médica e consegui reduzir meu café a três cafezinhos por dia, bem menos que as duas meias xícaras liberadas pela nutricionista.

E um deles é religiosamente ANTES de dormir.

Ela que não me leia.

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Se você se identificou com qualquer linha deste post, me escreva, junte-se a mim, desabafe!

marygarotatpm@gmail.com

Mary

Sunday, January 25, 2009

Teatro - Machado a 3X4


Nesta última sexta-feira chuvosa, ingressos que ganhara dias antes, resolvi assitir a supracitada peça no teatro do SENAI, encenada pelo grupo Nós do Morro.

Tomei meu gardenal pra não ficar irritada com a chuva que chove sem parar e fui, tentar aplacar meus ânimos.


O ingresso não falava muito sobre o tema da peça e, quanto ao grupo, sempre ouvi falar bem, não só do cunho social que levou à formação do grupo (levar teatro e cultura aos moradores da favela do Vidigal) bem como a qualidade de atores ali descobertos e a criatividade com que montam seus espetáculo.

E realmente são criativos.

Lá chegando, pego um prospecto e vejo que a montagem é baseada no conto de Machado de Assis chamado "O Alienista".

Do pouco que me lembro de quando li o conto, no auge dos meus 12 ou 13 anos de idade, e que me fez gostar de Machado de cara, me recordo que tratava-se de um provável retrato irônico e crítica sobre o método de tratamento das pessoas portadoras de doenças psiquiátricas a época.

Em tempos em que provavelmente a medicina não era tão especializada em ramos como hoje, a não ser, provavelmente, clínica e cirurgia, um médico vindo da europa e conceituado em Portugal e Espanha resolve estaelecer-se e clinicar no Brasil, na então Vila de Itaguaí, no estado do Rio de Janeiro.

Tão logo chega e aclamado pela sociedade, tendo muito interesse em estudar as doenças da mente e da alma, pede permissão para criar a casa verde, uma instituição para albergar os doidos de toda espécie onde ele deseja estudá-los melhor e obter grandes avanços na medicina e lançar a cidade de Itaguaí no hall da fama, já que não existe no Rio de Janeiro, quiçá no país, hospital especializado nesta doença.

As instituições são equiparadas a um verdadeiro presídio onde os loucos são aprisionados em prol do avanço da medicina, comum na Europa mas novidade no Brasil, onde os loucos são cuidados em casa e andam livres pelas ruas.

E a partir daí começa a enquadrar na instituição todos aqueles que entendem possuir algum grau de loucura a ser tratada e estudada.

A partir daqui contarei detalhes sobre a peça e a história, portanto, continue po sua própria conta e risco. Depois não vá se irritar pois eu avisei.

O teatro do SENAI é mínimo, simples. Palco pequeno. Não há lugar para músicos.

Entramos com as cortinas já abertas, dois cabideiros, escadas, quatro ou cinco cadeiras do lado direito do palco e uma cadeira de barbeiro.

O teatro escurece e quando as luzes estão voltando, atores no palco e... música! Parte dos atores também é músico e toca instrumentos muito bem, alojados nas cadeirinhas na lateral do palco, primeira surpresa agradável.

Graças aos cabideiros, a peça é bem dinâmica, no meio da confusão de atores no meio dos palco as araras circulam e os personagens aparecem com acréscimo nas roupas. Poucas roupas por sinal. Os figurinos são bem simples, modestos mesmos, parecem até roupas bem velhas catadas em brechós.

A peça se desenrola e o grupo me surpreende. Bons atores posso afirmar. Muitos com excelente impostação de voz, em especial o ator Babu Santana. E cantam, cantam bem, coisa que nem todo ator de teatro faz e se sai bem, e como ali não há microfones nem playback, "quem sabe mostra e faz ao vivo".

Tudo isso num minúsculo palco, praticamente sem cenário e com poucos elementos de palco. Criatividade 10. Gostei muito da adaptação simples despretensiosa e despojada que foi feita.

Só não gostei muito de alguns poucos nús que aparecem na peça. Desnecessários e que no meu humilde entender não tem a ver com o escopo da história.

A medida que a peça se desenrola, Simão Bacamarte, o médico, personagem principal, começa a ver a loucura em cada um a seu redor e "enquadra-os" literalmente, mandando-os para a casa verde, representada por uma série de molduras no fundo do palco que representam as janelinhas da casa verde.

O enquadramento feito com uma... moldura.

Detalhe para a cena em que já tando enquadrado 4/5 da população de Itaguaí o médico começa a pensar. Chega na beira do palco e começa a olhar a plateia . E olha para a moldura. Olha para nós e volta ao fundo do palco e volta com umas dez molduras penduradas no braço encarando todos nós.

MEDO.

Achei que nesse momento fosse acontecer um momento interativo e ele iria sair sair enquadrando espectadores da platéia para preencher as janelas da casa verde, o que felizmente não aconteceu.

Enfim, agradou.

Bom, bonito e barato, ingressos a R$ 20,00 são convidativos.

Se vc não espera uma superprodução, vai ama e ainda por cima leva um leve musical, muito agradável.

Recomendo fortemente.

Friday, January 23, 2009

Filosofando com Mary

"Ego es el pequeño porteño que todos llevamos adentro." (desconheço o autor)

Buenas Noches...

Thursday, January 22, 2009

Irritando Mary: telemarketing


Essa história foi originalmente escrita e publicada no Desfavor.

Todo mundo se irrita com telemarketing, eu então...

Essa história narra um dia em que uma coitada da via me pegou um dia de mau-humor muito inspirado.

Estou em em casa, num sábado de ócio criativo acabando de narrar a odisséia que virou post no meu blog, enquanto blipo, twitto, orkuto e faxino a casa. Eu faço milhões de coisa ao mesmo tempo, mas quando estou no computador eu não falo com ninguém, não presto atenção. Minha mãe vinha aqui, dava recados, eu não ouvia e ela ficava puta.

Mas tem algo que me irrita muito mais que falem comigo quando estou na internet...

Estou lá eu, entretida com meus textos quando que toca o telefone com número restrito.
Procedimento padrão: atendo grosseiramente:

- ALÔ!!

Cai a ligação. Satisfeita, continuo o que estava fazendo e o telefone toca novamente:

- ALÔ???

- Bom dia! (tímido)

- Quem é???

- Como eu estava dizendo, bom dia, é a senhora Mary que está falando?

- Sim é ela e quem é você?

- Sou fulaninha da central de relacionamento do banco Satãseder e estamos entrando em contato com a senhora pois a senhora é uma cliente muito especial!

- Desde quando? Nunca fui cliente do seu banco e também não tenho a mínima intenção.

- Calma senhora que eu vou estar explicando...

O sangue ferve. O gerundismo é engraçado até que você é a vítima.

- Obtivemos informações junto ao comércio de que a senhora é uma boa consumidora, e por isso vamos estar oferecendo uma excelente proposta que certamente estará agradando à senhora, posso continuar?

- TEM JEITO?

- É que o banco Satãseder, como eu ia explicando selecionou você dentro de uma lista selecionada (sim ela DISSE ISSO) para estar recebendo um produto muito especial, nosso cartão de crédito blá blá blá...

- Sim. Agora me explica como vocês conseguiram meu cadastro junto ao comércio se eu não tenho cadastro? Eu não faço cadastro em lojas, não uso cheques, não faço crediário, só uso cartão de débito ou de crédito. E esse telefone é um netfone, logo, não esta nas telelistas. Você pode explicar?

- Um momento senhora vou estar verificando junto à supervisora. Por favor não desligue sua ligação é muito importante para nós. (musiquinha)

Juro que ia desligar, mas nessa hora vislumbrei o desfavor, por isso permaneci na linha.

- Oi senhora, desculpe a demora. Conversei com minha supervisora e para sua segurança vou estar informando que não podemos dizer onde obtivemos os dados, mas afirmo que é um cadastro seguro e que seus dados não estarão sendo expostos.

- Sei.

- Mas voltando ao produto, gostaria de estar dando mais detalhes, falando sobre a promoção das anuidades...

- Desculpe, mas eu quiser não estar aceitando essa proposta fantástica? E se eu disser que vou
estar ficando furiosa, aliás já estou por estar sendo incomodada no meu lar, num sábado, de tarde
na hora mais sagrada do meu dia. O que você vai estar fazendo a respeito?

- A senhora não precisa estar ficando nervosa nem falar comigo desse jeito.

- Como assim desse jeito?

- Bem a senhora está, você sabe... zombando de mim.

- Sim eu vou estar zombando de você sim. Me diz uma coisa, existe algum curso onde todas vocês são treinadas quando entram na empresa?

- Sim existe senhora, todas recebemos treinamento especializado.

- E todas as empresas fazem treinamento na mesma empresa?

- Bem senhora isso não sei informar.

- Pois sabe, me impressiona e me IRRITA a forma padronizada como vocês falam ao telefone. Gerúndio é a coisa mais abominável do mundo. Parecem robôs. E o pior, pagam fortunas para vocês falarem besteira. Vc estranhou o jeito como eu respondi você? É porque você fala assim com os outros mas nunca recebeu uma ligação destas. Você sabia que vocês falam completamente errado?

e Continuei:

- Você sabia que o seu "vou estar fazendo" algo é motivo de chacota na internet? Nas revistas? Nos jornais? NAS ESCOLAS? Sim, o atendimento de vocês é ensinado como algo errado que se deve evitar em aulas de português sabia??

(Mocinha engasgada)

- Não sabia senhora. Me desculpe senhora.

- Pois é: Porque ao invés de falar "vou estar verificando" você simplesmente não diz: "vou verificar". Por que complicar?

- Eles nos ensinam as técnicas de atendimento e nós apenas seguimos, senhora.

- Pois bem. É ridículo. Irrita. Irrita mais do que receber ligação em hora não apropriada sabia?

- Entendo senhora. Posso estar ajudando em mais alguma coisa?

Respirei fundo.

- Sim você poderá esta ajudando sim. Primeiro você poderá estar anotando no seu sistema que a cliente informa que não tem cadastro no comércio pois só trabalha com cartão de crédito. Pode estar informando também que ela é advogada e que ela sabe que o comércio não tem o direito de passar seus dados a empresa alguma e que isso pode ser considerado crime. Você também pode estar informando que eu não tenho, nunca tive e provavelmente nunca terei interesse em qualquer produto do seu banco e de qualquer banco que me ligue oferecendo algo, pois eu gosto de pesquisar antes e isso faço pela internet. E que quero que meu cadastro seja permanentemente excluído ou eu poderei estar processando o banco de vocês.

- Entendo senhora. O banco Satãseder pode estar ajudando com mais alguma coisa?

- Sim. Você pode estar me fornecendo o número do protocolo do atendimento?

- Tu, tu, tu, tu...

Ela não se despediu nem concluiu com a clássica: o banco Satãseder agradece a sua atenção!

E eu nem estava na TPM...

Chove chuva...


E chove sem parar! PQP!! Desde terça de tardinha e provavelmente até sexta que vem segundo o Weather Channel e o Climatempo.


Apesar de a previsão do tempo sempre falhar, como Murphy é poderoso e cruel, só de sacanagem desta vez eles estarão certos.


Qual a graça de cair esse chuva toda no meio do verão? Porque cair aqui na cidade e não onde precisa, nos rios que abastecem as hidrelétricas? Qualquer dia vamos ter outro apagão e vão dizer que foi... falta de chuva?


Tem gente que gosta de chuva. Chuva boa pra mim é só é bom em dia morto, não útil.


Você deve estar se perguntando: você prefere chuva no final de semana ou num feriado? Se não estiver de férias, sim, prefiro.


Um dia chuvoso no final de semana te prende para uma série de atividades; ao menos para mim é uma oportunidade ÍMPAR para por a vida em dia e fazer aquelas coisas que você nunca faz quando está ensolarado:


- ligar pra família e amigos (que não tem email)

- ouvir seus CDs

- ver filmes

- organizar seus papéis

- fazer uma faxina no armário e dar aquilo que você não usa mais

- limpar a fila de livros que você compra e nunca tem tempo de ler

- fazer uma visita a amigos, passar uma tarde batendo papo

- terminar um trabalho pendente

- pintar a casa

- mudar os móveis de lugar


Dentre outras mil coisas que poderia citar.Agora durante a semana é FLÓRIDA.


Vejam o meu dia de ontem: presa no trabalho o dia inteiro. Na hora do almoço, fomos almoçar no Shopping e assim que terminamos de pagar a conta... caiu a luz. APAGÃO, Nunca vi isso em shopping!


Por causa da chuva, às quatro da tarde os alto falantes anunciam que tiveram que lacrar a saída dos fundos da empresa por onde habitualmente entro e saio por ser a mais próxima de minha casa. Chega na janela por volta das 17hs e vejo dois carros BOIANDO no meio da rua.


Desço para comprar algo e vou na farmácia, que parece ter sido saqueada. Não há UM biscoito decente sobrando ou chocolate. Idem na banca do jornaleiro. Resolvo, então, fazer um lanche e encontro a lanchonete LOTADA. Impossível achar uma vaguinha no balcão. Não há mais biscoitos, salgados, nem pão de queijo.

Resolvo pedir um pão na chapa com polenguinho. Péraí que vou ver se tem polenguinho (Fulano tem polenguinho? Têm!) sim tem polenguinho, mas o pão francês acabou! OK, pode ser no pão de forma!


E fico no aguardo... 5 minutos, 10 minutos... chega alguém do meu lado e pede mixto quente. 15 minutos, 20 minutos e chega o mixto quente da pessoa do meu lado... 25 minutos e pergunto: vem cá, eu to aqui há mais tempo, pedi um pão com polenguinho e nada? A pessoa do meu lado chegou depois e já levou?!


A moça me serve o cafezinho e eu digo mas agora eu não quero, quero quando vier meu lanche! E ela diz: depois sirvo mais! OK, digo... daí a pouco ela volta e explica:


- Olha o rapaz achou que tinha polenguinho mas não tinha. Aí, ele foi à padaria, comprou e acabou de chegar!

Olho incrédula para a atendente e minha xícara quase se vira. Uma digna cena lusitana!


5 minutos depois chega meu lanche, torradinho como gosto, graças a Deus. Mais café. as nesse meio tempo, confesso, ataquei um pão de queijo quentinho, me joguei em cima da turba e exigi: estou aqui há meia hora!


Termino meu lanche e subo, são quase 18:00, hora de ir embora e... ruas alagadas.


Sem trabalho, já que tinha tudo o que podia ser feito, me rendi ao papo com os colegas, sobre amenidades, fui fazer pesquisas de preços para minhas férias.19hs e nada, água baixando.


20hs vou pra casa, ruas ainda encharcadas, poças para todos os lados, dou uma volta descomunal e absurda, pois tenho que sair pela entrada principal que é a mais longe e passar por uma rua escura.Dane-se que é deserta. Mal pros pivetes, pois trombar comigo de mau humor nunca é saudável.


Chego em casa, enfim, há luz, suco, torradas e... mortadela light. E dane-se a dieta. “Só por hoje”.


Tomo um banho daqueles esfregando tudo, com nojo de todos os respingos imundos no meu corpo e na minha roupa. Vontade de me esfregar com pinho sol.


Ponho as roupas pra lavar na máquina com desinfetante. Sorte que eram das favoritas ou tinham ido pro lixo sem dó nem piedade.


E, completado o ritual... pro computador.


Fora do ar!!! Filho da mãe! Como eu queria que fosse um notebook pra tacar pela janela!! Quase 21:30 consigo restabelecer contato com o mundo e relaxo. Faço uma bela xícara de café (dane-se a dieta mesmo) e relaxo, lendo meus emails e vendo as notícias de amigos.


Fui dormir mais de 23hs, uma hora depois do habitual. Não joguei bola. Saí da dieta.


E vocês ainda perguntam porque eu odeio chuva?


Monday, January 19, 2009

Bom senso pra viagem! E pra já!


Houve uma época de minha vida em que o verão era minha estação favorita. ERA.

Amava o calor mas acho que a idade faz a gente desgostar dele.

Em meus sonhos, férias deveriam ser no verão, SEMPRE! Hoje em dia prefiro estar trabalhando e viajar na chamada meia-estação: clima mais ameno, promoções e, além disso, vc economiza no ar e poupa os sofrimentos no calorão, já que no trabalho o ar é sempre agradável. E você foge da MUVUCA.

Adoro praia, mas fico meses sem ir. Preguiça, falta de companhia, falta de saco pra pegar um metrô, enfim, os mais variados motivos. E no verão isso se agrava pois a praia lota de domingo a domingo por conta das férias escolares e dos turistas.

Com todos estes defeitos a anta aqui ainda opta por ir à Ipanema. É uma praia próxima e limpa mas tem seus inúmeros problemas que a Barra tem em menor quantidade: turistas e gente favelada. Favelada em sentido lato, afinal, tem gente que vem de lá que se veste e se porta muito melhor que muita gatinha de ZS.

Domingo chego na praia, com amigos. LOTADA, mas foda-se. Preço da cadeira, barracas e bebidas completamente inflacionados. Mas não vou perder meu tempo comprando muita coisa em mercado, muito menos bebida. Não vou me indispor por causa de um real ou centavos e acabar bebendo água quente.

E é nesses momentos críticos e delicados que a falta de noção só aumenta.

Não bastasse a falta de bom gosto dos modelitos, bem como as incompatibilidades entre certos corpos e certos pedaços de pano, que eu acho extremamente agressivo aos olhos, vê-se gente de todo o tipo, brega ou chique desfilando num show de horrores na praia.

A algumas barracas da minha, vejo um bando de mocinhas ZS chegando. Bolsinhas a moda, biquinis carérrimos, cheia de bijus estilosas... pedem barracas, cadeiras e uma delas vai e me saca BLONDOR e começa a passar em pelos assustadoramente grandes na barriga, nas pernas e na virilha.

CARALÉO. Como alguém ainda usa blondor?

Me lembro da minha adolescência, via as meninas mais velhas passando aquilo pros pelos ficarem clarinhos e achava BIZARRO. Tomar sol com aquela pasta branca no corpo? Preferi raspar SEMPRE.

Cheio de "Pelo menos" e semelhantes espalhados pela cidade e com depilação a LASER barata e disponível como alguém nessa condição se presta a continuar peluda que nem um macaco e descolorindo pelos?? Uma morena ou mulata fazendo isso é bizarro, mas uma loura ou pseudo loura fazendo isso... é pior ainda. Chocante demais pra mim.

Do outro lado, mulheres com barriga fazendo prega e com dobras laterais usando biquini... fio dental e com lacinhos!! Sutiãs de cortininha que não comportam os peitos enormes. Cacilda, usa um maiô pombas! Eu que nunca fui obesa de verdade não fui à praia por anos por achar ridículo e quando comecei a ir, usava os biquinis mais comportados do mundo.

Hoje em dia considero que estou bem melhor e com um corpo razáovel e dentro do padrão mediano, mas nem por isso saio usando biquini de lacinhos, afinal, isso é idiota e infantil em uma mulher com mais de vinte e poucos anos.

E o que dizer de gente porca, MUITO porca? Custa levar uma porcaria de um saco plástico e recolher o próprio lixo e jogar fora? Eu coloco tudo numa sacola e levo na minha bolsa e jogo quando saio da praia.

A alguns metros de onde eu estava, uma barraca velha com uma família extremamente simples, pai, mãe e três crianças pequenas. Todas lanchando com a maior educação do mundo, sem farofa ou gritaria. A pequenininha, que não devia ter mais que dois anos acabou seu lanche levandou e foi jogar sozinha o guardanapo no lixinho da família.

Crianças obedientes, chegando na beira da água com os pais, sem correria ou gritaria. Pobres, mas limpos, dignos, uma família que merece palmas. Pai e mãe que provavelmente se preocuparam em por cidadãos no mundo.

Enquanto isso, crianças de evidente condição social correndo, jogando areia nos outros e fazendo pirraça. Teve um que na segunda vez eu peguei pelo pé e gritei:

- Volte aqui!!!

O moleque obviamente chamou a mãe e fui falar com ela:

- Mas ele tem só 6 anos!!

- Por isso mesmo. Seu filho não é retardado nem doente mental. Tá vendo que a praia tá cheia não pode andar devagar? Precisa correr? Encheu minha cara de areia e minha canga e não foi a primeira vez. Olha a família ali do lado. TRÊS crianças e estão todas quietas.

- Ah mas é criança.

- OK. Se ele fizer isso mais uma vez, passarei correndo do lado de sua canga e ficamos quites. Eu posso alegar insanidade mental.

E virei as costas. A mãe ficou revoltada mas o menino entendeu o recado e passou a transitar com educação na minha frente, o que retribuí com sorrisos.

E o que dizer de mães de recém nascido sem noção? Tem umas que acabaram de parir, ainda não recuperaram a forma antiga, não se cuidaram na gravidez e acham que porque são mães podem tudo, inclusive por o biquini de lacinho de 15 quilos a menos.

E o que dizer de amamentar na praia? No meio daquela FAROFA por o peito que alimenta o filho, sujo de areia e água salgada na boca da criança assim do nada? Sem sequer cobrir a cabeça dele e o peito com uma fraldinha? FALA SÉRIO.

E pior deixam a criança chorar, berrar, se esgoelar! Num sol de quase 40 graus ao MEIO DIA na praia de Ipanema? Juro, tinha que ter uma polícia pra isso, tinha que multar! Coitada das crianças! Ficam fritando os miolos com menos de 1 ano de idade na praia depois perguntam porque viraram adultos complicados.

Mas o inferno sem continua, todas as pessoas sem noção estão aqui.

Praia lotada, mar razoavelmente agitado embora não esteja puxando e as pessoas não se mancam. Dois babacas batendo bola numa faixa próxima a minha. Mães deixando crianças soltas e depois desesperando atrás delas. Gente com PRANCHAS na água kct!! E gente tentando pegar jacaré mesmo vendo que tem duas filas de pessoas na frente.

Eu obviamente opto por ficar mais atrás, onde não da pé e esse povo tado, que obviamente não sabe nadar, não chega.

Mas ainda assim é uma praia. Da próxima vez fodam-se os outros.

Eu vou é ficar na Farme mesmo, ali do lado das bandeirinhas. coloridas Falem mal o que quiser deles, mas ali não entra farofeiro, pois farofeiro é preconceituoso. Todo mundo ali ou é bonito e se veste adequadamente ou tem noção. Todos são educados. E o bom, não aparece mané pra dar cantada na gente.

Definitivamente prefiro aturar ver homens de mãos dadas ou se beijando do que gente mal-educada e sem noção.

Humpf.

Sunday, January 18, 2009

Concluindo a ressaca

Zíngara, Falonada e Roney, obrigada pela preocupação mas estou viva!

Sobrevivi sabe-se lá como mas tive um dia canino ontem. Até o modesto cafezinho caiu mais ácido que H2SO4 no meu pobre estômago. Coca-Cola? hahahahahaha

Quanto à ressaca me questiono, ela não deveria atacar o fígado? Meu fígado vai bem obrigada...

O enjôo tá passando, acho que vou conseguir comer melhor agora.

Mas confesso que tomei um vinhozinho pois, o pai do meu amigo, avisado que eu gostava, fez questão de abrir uma garrafa de viho verde pra mim, já que não bebo birita e tomei um copinho e estava muito bom.

Mas depois parei, principalmente depois que percebi que eles queriam que eu bebesse mais pois estava dando uma surra na sueca em todo mundo - inclusive nele. Mas no final do dia fizemos as pazes e ele jogou comigo. Ganhamos.

Aliás, que dia de jogo.

Levar um ÁS e uma 7 de copas com um simplório 3 de paus na última rodada faz bem não só para o ego como para a alma. Que saudades dos tempos de engenharia.

E o bom, rever conhecidos da faculdade e vários calouros meus, chega a ser estranho, todo mundo mais velho e com filho e quase ninguém me reconhecendo o que é ótimo, sinal que estou longe de lembrar o ser bizarro que eu era em 94/96.

Bem é isso vou correr. 40 aí vou eu!

Saturday, January 17, 2009

Confessando a ressaca

Não sou de beber, nem amante da bebida, mas amo vinho, champagne e afins. De boa qualidade, sempre, SECO (vinho doce é coisa de mulherzinha) e nada muito pesado.

Adoro vinho. Nas minhas últims viagens, Argentina e Europa, mais especificamente na França, tomei vinho religiosamente todos os dias. Muitas vezes meia garrafa no almoço e no jantar, todos nacionais de boa qualidade. Malbecs, Bordeaux, Cabernets, Carmenéres, Shiraza, meus favoritos.

E drinks com champagne SEMPRE na França. Bebida aliás que entorno em casamentos como se fosse água e me sinto maravilhosamente hidratada...

Apesar de meus anos de experiência com minha bebida favorita, mais de 15 pelo menos, eu simplesmente desaprendo a beber quando estou com amigos.

Eu sou a pessoa mais bizarra do mundo em certas horas. Não posso comer japa por causa da alga, tenho intolerância. Não consigo digerir leite, logo, laticínios detonam meu estômago. E devo ter intolerância à uva Merlot. Só pode!!!!

Toda santa vez que bebo algum vinho desta uva ou que leve a mesma no meio, já era.

Posso beber qualquer coisa, até Miolo que fico numa boa, mas Merlot, não importa a qualidade me derruba, e ontem não foi diferente.

Jantar com amigos, 3 garrafas de vinho, 3 pessoas que bebem a sério. E tinha Merlot na primeira, mas por insistência (é frescura) acabei tomando. Não sei porque cismo que essa uva me amarga... e os vinhos seguintes, todos do meu agrado não caíram tão bem quanto de costume.

Moral da história, 9 da matina e enjoada. AINDA.

Meu estômago está um mar revolto, me sinto mareada e nem consigo olhar pra comida.

E hoje tem aniversário de amigo. Homem.

Churrasco.

Tofu.

Sol lindo lá fora, meus planos de praia hoje foram por água abaixo, já que é tarde pra ir e a festa é na hora do almoço.

Sabem o que é pior?

Amanhã vai ser o mesmo dia lindo.

E como é churrasco de pessoas maduras... vai ter vinho. E eu vou fazer merda.

Vou beber pra ser educada e estarei de ressaca de novo amanhã...

Ai.

Thursday, January 15, 2009

Gente sem noção! Parte 2


Continuando o assunto do post anterior, que sempre dá muito pano pra manga, pernas e até meias, acho que pior do que os sem noção ali citados são aqueles que estão no seu local de trabalho ou nas proximidades.

Imagine a situação de quem trabalha em uma grande empresa, daquelas que ocupam o prédio inteiro. Convive-se com uma gama variada de pessoas, encontra-se acom algumas na lanchonete, no banco, nos elevadores, na banca de jornal.

Em prol da boa convivência, dá-se bom dia, boa tarde, boa noite, comenta-se o mau tempo ou alguma outra amenidade, nada desconcertante ou que eu possa dizer que me incomoda.

Mas sempre tem o sem noção. Olhou um dia pro seu crachá, decorou seu nome e já puxa papo como se tivesse "a" intimidade com você. E eu odeio isso. COM TODAS as minhas forças.

E lá no meu trabalho rola isso direto e de certa forma a companhia parece até incentivar essas aproximações entre funcionários. Nunca vi um lugar pra sair tanto casamento e crianças como aqui. Dá até medo de beber a água do bebedouro.

Não tem uma colega minha que não tenha sido assediada por um cara sem noção. E quando falo sem noção é sem noção mesmo. Esqueçam aquela coisas de que amor sincero é cego surgo e mudo. Por mais fofa e amável nenhuma mulher, bonita, bem sucedida e razoávelmente bem cuidada iria dar mole um cara 20 cm mais baixo, barrigudo que mal consiga se experessar na língua nativa e que use pochete, por exemplo, concordam?

Pois eu tive o meu próprio stalker...

Cara estranho que me dava agonia. Esquisitão, magrelo (eu ODEIO gente magricela e me dá agonia ver gente ossuda) e parecia que não tomava banho, com um cabelo brilhando a sebo. Agoniante. Evitava cruzar os olhos. Toda vez que me olhava parecia que ele queria me tocar para chamar a atenção.

Uma certa época decidir malhar também na hora do almoço e ia sempre acompanhada de um amigo, conversávamos amenidades durante a horinha lá e uma certa época o indivíduo começou a malhar lá também. Olhava pra mim mas nem se aproximava pois me via sempre com meu amigo. Mas nos dias em que calhava dele não ir, fazia de TUDO pra chamar minha atenção.

Uma vez, estava eu correndo na esteira concentradíssima e ele coloca o mãozão na frente do painel e eu quase infarto - se nõ houvessem as barras laterais, teria caído. Noutra, estava no remador, concentradíssima, carga pesada e ele me CUTUCA nas costas pra falar comigo! Os braços bambearam e as 9 placas que eu estava puxando despencaram e fizeram um barulho imenso e a academia TODA parou para olhar.

- Nossa te assustei né?

- Acho que não é legal se cutucar uma pessoa que está concentrada nos pesos.

- Só queria dizer oi...

- OI.

Me virei e continuei a malhar e amaldiçaoava cada dia que meu amigo não ia. Como se não bastasse ser esquisitão e o cabelo nojento, parecia que não tomava banho! Chegava sempre com uma pastinha na mão e tava sempre com o mesmo short e a mesma blusa. BIZARRO.

Até que aconteceu o desastre: fiquei doente e não pude ir malhar uma semana inteira. No fim da semana ele chegou no meu amigo pe perguntou se "a namorada" não estava bem ele, tapadamente por nunca ter sacado a do cara disse não, ela não é minha namorada não, é uma amigona. Como quis matar o infeliz!!

Pronto. Segunda feira, de volta ao trabalho toca o telefone e eu atendo.

- Quem é?

- Oi é o fulaninho...

- Que fulaninho?

- Fulaninho, dai do seu trabalho, encontro com você sempre no elevador, malhamos na mesma academia...

(PQP ao quadrado!!)

- O que você deseja?

- É que você não veio na semana passada, aí falei com seu amigo, achando que era seu namorado, perguntei por você e ele disse que vc estava doente... aí procurei você no localizador de funcionários e resolvi ligar pra dar um oi e saber se você está melhor...

- Sim já estou ótima, tanto que voltei ao trabalho, aliás, to cheia de coisas pendentes, não posso demorar OK?

E desliguei. Que cara de PAU!!!

Depois dessa ele continuava... todo dia tentava chegar antes ou chegar atrasada pra não esbarrar com ele antes de começara malhar, mas não adiantava ele não se mancava. Chegou ao cúmulo de os professores perceberem que eu não estava agradando com as aproximações e toques dele e sugeriam pô cara ela ta pegando peso, espera ela falar, nessas horas a pessoa deconcentra... mas ele não se mancava.

Então, pra não ser grosseira ou escandalosa, tomei uma medida drástica: parei de malhar na hora do almoço. Passei algumas das minhas atividades matutinas pra hora do almoço e passei a malhar exclusivamente pela manhã, para evitar contato com ele.

Mas o pilates não teve jeito, mas, como era uma salinha apartada... menos pior. Ou não.

TODO DIA o sem noção passava na porta, me via fazendo os exercícios de alongamento e acenava e eu fingia que não via. Aí o PUTO batia no vidro ou abria a porta para cumprimentar!! A instrutora percebendo a situação e não gostando chegou a dar um fora, pedindo a ele que aguardasse o término da aula pois bater no vidro ou abrir a porta desconcentrava os alunos.

E ainda assim, ele dava tchau insistentemente até eu olhar. Passei a abstrair e smepre que via ele chegando, me punha para fazer um exercício de costas para a porta, para não ter erro. Resolveu por um tempo...

Nesse meio tempo, evitava olhá-lo, quando ele entrava no elevador fingia que tinha que sair por algo, pois ele sempre vinha na minha direção com aquelas mãos pegajosas, precisando me tocar para me cumprimentar. ECA.

Um sábado desses da vida, fui fazer um day-spa aqui perto de casa: yoga, massagens variadas, ofurô, cheguei cedinho e curti o dia da melhor maneira possível.

Hoa do almoço, estou eu me preparando para o intervalo, na parte da tarde mais algumas massagens, acunpuntura, shiatsu. Esta eu, ensimesmada na minha viajando quando... adentra o indivídio. Com a pastinha na mão.

- Ei você por aqui?

- É, vim passar o dia.

- Legal, eu faço parte da equipe sabia? Fiz meu curso de shiatsuterapeuta aqui e sou eu quem faz o shiatsu...

F#D%$!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Pensei na hora o que faço? Nem em sonhos esse cara colocará as mãos em mim! Muito menos me verá de biquini ou qualquer roupa menor que uma burqa. Fui ver e era a próxima da fila e antes que ele olhasse, joguei minha sessão pro final, para dar tempo de pensar em algo.

Faltando ainda 30 minutos de descanso resolvi correr em casa. Peguei uma calça de supplex, daquelas bem grossas e que vão até o tornozelo e uma blusa do mesmo material, meia manga. Daquelas que cobre o corpo inteiro.

Chegada a hora ele se assusta com a quantidade de roupa e explico:

- É que o ar daqui é super gelado, já estou resfriando e sempre faço assim. Até porque eu morro de cócegas, tem lugarq eu nem aguento, principalmente na barriga.

E dei palpite o tempo todo. O cara fez todo o shiatsu com a roupalhada em cima. Quando começava a subir na coxa eu desandava de rir, mais do que o normal, pois na apssada seguinte ele evitava, por causa do barulho. E assim foi.

- Gostou do dia?

- Sim!

_ Ah então a gente se vê no mês que vem.

- Certamente.

Nunca, mas NUNCA mais pus os pés ali e nunca mais colocarei!

No dia seguinte, meu telefone toca, ele de novo:

- Olá, sou eu!

- Eu quem?

- O fulaninho, daqui do trabalho.

- Em que posso ajudar? (bufando por dentro)

- Ah nada demais, só queria saber se você está melhor, se está mais relaxada depois de sábado.

- Certamene estou bem, não fui lá por causa de nenhum problema específico. Apenas quis tirar o dia para mim. Mas agora, com licença, preciso ir.

- Ah tá certo..

- E por gentileza... evita me ligar tá. Não conheço você, não temos nada em comum e sinceramente, odeio que as pessoas conversem comigo me tocando, cutucando, essas coisas cinlsuive me desconcentram OK??

- Ah sim, eu tinha percebido... me desculpe, mas...

Antes que ele se explicasse, desliguei.

Realmente melhorou bastante. Graças a Deus de lá pra cá sempre que passo por ele tem alguém comigo. Ele me cumprimenta com os olhos e não me dirige a palavra. Graças a Deus.


Noção: não saia de casa sem ela!

Se tem uma coisa que eu não suporto é gente sem noção.

O problema é que tendo sempre a ser tolerante demais, educada demais, a pessoa não se manca, aí quando eu explodo...

Elas estão em todos os lugares que você possa imaginar.

Elas estão na sua família, ou são pessoas que fazem parte do seu convívio, não há como escapar. Por esse motivo, a tolerância zero acaba não sendo aplicável.

Hoje falarei de um dos tipos mais conhecidos, primeiro lugar disparado no ranking de pessoas sem noção na sua vida.

Eles tem o melhor trabalho do mundo, ficam sentados o dia inteiro, controlando a portaria, atendendo interfone. Abrem portas. E ainda reclamam que ganham mal! Pra fazer isso?

Quando me formei na faculdade, fiz a gentileza de fazer um divórcio para o porteiro do prédio onde eu trabalhava. Eu tinha um empreguinho e ganhava quase R$ 1.000,00 e o cara ganhava R$ 1.200,00! Mais do que eu, uma advogada e ainda morava de graça! Mas si, fiz, afinal, apesar de achar muito pro trabalho que ele executava, não há como questionar que um cara desses não tm condição de pagar advogado.

Mas fora isso...

Teve um, no mesmo prédio, que RECLAMAVA da gente sair sem as chaves porque ele tinha que abrir a porta! APERTAR UM BOTÃO ao lado dele simplesmente! Tive perguntar: o que é que o senhor faz mesmo? Ah porteiro... e de onde será que a palavra vem, vejamos, PORTA? Então porteiro abre PORTAS?

Passei a sair sem chaves religiosamente todos os dias e ele começou a sair da portaria. Aí, interfonei para o síndico e pedi a ele que abrisse a porta já que o porteiro tinha entrado e fiz a reclamação.

Mas não parou por aí! No mesmo prédio o vigia também não queria abrir a porta sob a argumentação de que ele não era porteiro mas era vigia!

Uma certa vez, saí para jantar com um namorado e fomos até minha casa, ele ficaria por lá comigo. Tinha tomado vinho, estava alegrinha e não acertava a fechadura de jeito nenhum. Um tempão para abrir o diacho da porta. E o vigia lá, imóvel, só olhando.

Meu namorado, ao passar pela mesa pergunta:

- O senhor daí tem como abrir a porta?

- Sim é só apertar o botão, apontando para o botão ao lado da mesa.

- Se é assim e se o senhor conhece a gente porque não abriu a porta? Não viu que ela estava com dificuldade?

- Mas eu não sou porteiro e não tenho obrigação de abrir portas!

- Então, que vigia de merda você é! De que adianta ficar ai vigiando e expondo um morador do lado de fora às duas da manhã. Se um bandido chegasse na gente o que você faria como vigia? Qual seria sua utilidade.

Ele começou a se alterar e achei melhor empurrar o então namorado para casa e fiz a reclamação formal ao síndico, mas ele continuou.

Minha vingança: onde já se viu vigia que dorme?

Passei a entrar sorrateira sempre e a fotografá-lo dormindo com meu celular ou filmar o seu ronco alto e estridente, sempre mirando o relógio de parede. Só me mudei depois que ele já tinha tomado quatro advertências e uma suspensão. Tava na beira da justa causa, espero que algum outro morador tenha tido peito de continuar minha nobre causa.

Outra de porteiro:

No prédio onde atualmente moro temos 4 porteiros, sendo que dois deles tem a tarja de fofoqueiro – fiscal da vida alheia – escrito na testa. Mas eles são demais: perguntam de onde você veio, pra onde você vai... qualquer amigo meu homem me visitando perguntavam? Tá namorando? Eu me controlando pra não soltar algo do tipo: não to só comendo...

Mas teve um dia que me tiraram do sério.

Entrei com uma ação contra minha operadora de celular e no dia da audiência, após a vitória, convidei o advogado, amigo meu de anos, pra dar um pulinho lá em casa para conhecer, tomar um café e contar as novidades: ele estava recém casado, esposa grávida, super feliz!

Chegamos no prédio, dei o boa tarde de sempre e subimos tagarelando normalmente. Chegamos em casa, fiz o café, preparei um lanche e ficamos conversando demoradamente na mesa da sala. Algum tempo depois, mão na maçaneta, minha porta abre de supetão e entra minha mãe, que mora no mesmo prédio, mas um andar acima, esbaforida, olhos arregalados, vê nós dois sentados na mesa, com xícaras na mesa e exclama:

- Ah, mas é você fulaninho?

- Como assim “é você fulaninho”????

Minha mãe do estado vermelho fica pálida. Encosta a porta. Pausa. Explica:

Estava chegando no prédio do supermercado com o carro e descarregando as compras. Vê o porteiro se aproximando, crente que ele vem ajudar e ele diz:

- Mary já está em casa!

E vira as costas e volta para portaria. Homem doido, pensa, e continua a descer as sacolas. Daí a pouco ele volta e diz:

- Ah e ela subiu sozinha com um rapaz!

Bem eu fiquei preocupada e subi, explicou ela.

- Preocupada com O QUÊ mãe? Eu sou maior de idade, moro sozinha e daí que subi com um homem na minha casa? Você achou que eu podia estar sendo seqüestrada? O que você poderia ter feito a respeito?

(Fulaninho tentando se esconder atrás do processo e chorando de rir)

- Você tem merda na cabeça? Vive reclamando que desde o último namorado não quero saber de ninguém fico muito na minha. Eu subo sozinha com um rapaz você devia estar soltando fogos de artifício. Aliás, já imaginou que maravilha seria se eu estivesse namorando? Estou na minha casa não é? Eu podia muito bem estar transando na minha poltrona, na minha casa! Você não só ia morrer de vergonha, mas provavelmente me fazer perder um namorado pois com uma mãe que nem você, ninguém merece!!!

Ela ficou nervosa, sem ar, lacrimejou, pediu um milhão de desculpas para mim e pro fulaninho, um grande amigo que cansou de ir à nossa casa e que ela adorava.

Ato contínuo, quando ela foi embora, bati na porta do síndico, contei o ocorrido e descemos para falar com o porteiro. Depois de levar uma senhora descompostura do síndico e uma advertência disse para ele:

- Senhor, eu não tenho 20 anos, tenho mais de 30, trabalho e moro SOZINHA. Minha mãe não mora aqui pra tomar conta de mim e o senhor não tem que dar satisfação d aminha vida nem a ela, nem a ninguém, a não ser que eu solicite gentilmente que o senhor dê algum recado, entendido???

E desde então ele só me dirige dizendo:

- Bom dia!
- Boa tarde!
- Boa noite!
- Precisa de ajuda com as sacolas?

Thank God.

Se você tem problemas com seus porteiros, eles não trabalham direito ou se metem na sua vida, escreva para " marygarotatpm@gmail.com ". Consultoria trabalhista solidária e 0800!

Disclaimer: eu não tenho absolutamente NADA contra a classe operária citada neste texto. Já advoguei em prol de MUITOS de forma graciosa, sendo que minha crítica dirige-se excluisvemente aos maus profissionais, infelizmente não são poucos os que, ao invés de se dedicar ao seu trabalho e fazer valer a oportunidade, reclamam da chance e ainda tse ocupam da vida alheia para "aplacar" sua frustração profissional.

Como disse lá em cima, meu prédio tem 4 porteiros, mas somente 2 tem posturas criticáveis. Os demais são amáveism educados, não reclamam da vida e estão sempre solícitos. Adoraria que eles tivesse clones para substituir os outros...


Tuesday, January 13, 2009

Não obrigada! Mil e uma maneiras de usar.


Frase simples que diz muita coisa. Pergunto-me: porque as pessoas a nunca levam à sério?


Hodiernamente a expressão acima é utilizada para demonstrar recusa ou desnecessidade de uma atitude por parte do terceiro interpelante, desinteressada ou não. De forma educada. Ou não.


Por exemplo: você entre em uma loja qualquer para dar uma olhada nos produtos, já que ninguém põe o diacho do preço na vitrine. Faço questão de verificar sempre, não costumo comprar por impulso, conjugando sempre o binômio custo X necessidade e ninguém precisa saber disso. Quando não há preço na vitrine, entro na loja para verificar e, no último caso, pergunto o preço a alguém.


Quando uma pessoa entra silenciosa numa loja, já deveria ser óbvio que ela não precisa ser importunada. Ela SABE que há vendedores e SABE que eles estão ali para ajudar. E SABE que o vendedor está doidinho para vender. Mas ele não se contém:


- Bom dia, posso ajudar em algo?


- Não obrigada.


- Mas precisando de ajuda meu nome é fulaninha.


- Não obrigada. Só estou pesquisando preços.


- De nada, estou às ordens.


E depois dizem que mulheres fazem questão de ter a última palavra! Isso me emputece!


Faço a ronda em várias lojas do shopping e verificando que foi justo nesta primeira em que fui que tinha o melhor preço. Volto à dita cuja para comprar a mercadoria:


- Bom tarde, a senhora voltou, posso ajudar em algo?


- Não obrigada e não precisa me chamar de senhora, ainda não sou velha o suficiente.


- Sim... de nada.


Vou à prateleira, pego a mercadoria e me dirijo ao caixa para pagamento quando a vendedora voa à minha frente toda sorridente:


- Olá, agora precisa de ajuda?


- Não, não preciso. Já achei o que preciso vou só pagar.


- Mas você sabia que temos uma promoção que levando...


- NÃO obrigada. Eu só preciso disso, já estou decidida, só quero pagar.


- Desculpe, OK, qual a forma de pagamento?


- VISA crédito.


- Débito tem desconto de 5% senhora.


- CRÉDITO.


- Se a senhora comprar mais 10 reais em produtos a senhora pode estar parcelando a mercadoria em até vezes...


- CRÉDITO à vista. Eu não quero parcelas, vou pagar de uma vez só.


Frustrada a vendedora passa o cartão, me dá o boleto e começa e embrulhar a mercadoria....


- Não obrigada, não precisa embrulhar, apenas coloque num saco.


- Mas senhora...


- Não é presente e é menos lixo. Onde está sua consciência ambiental?


Silêncio.Mercadoria na sacola, digo obrigada e me viro, quando estou na porta da loja:


- Obrigada senhora, volte sempre!


- Não... obrigada!!!


Também pode ser muito útil para despachar pessoas inconvenientes, que tentam oferecer a sua própria pessoa em proveito próprio claro.Muito comum em festas, baladas, boates e micaretas.


- Aí gata, entra na minha...


- Não obrigada!


- Mas que isso gata, vai dispensar assim, na moral?


- Sinceramente não estou precisando da sua caridade. Só aceito doações vultosas e desinteressadas se acompanhadas de caráter e ausência de traços galináceos e de alto teor alcoólico.


- ???!!!


Também funcionou muito bem no carnaval em Salvador. A todo cara que tentava uma gracinha eu virava sorridente e dizia o meu “não obrigado” que invariavelmente tinha que ser repetido umas três vezes até receber o devido crédito. Sem ofensas.


Nos casos extremos, uma unhada no braço acompanhado de um olhar raivoso e do “não obrigada” também ajuda muito.


Afinal, micareteira tem que ter o direito de correr atrás do trio e se divertir sem pegar ninguém. Não achei minha boca no lixo.


Em tempo, respondendo ao email do "rafinha" (real sobrenome não citado e texto não citado para preservar sua identidade) , quanto ao seu convite, NÃO OBRIGADA!


Mas agradeço seu email, ele foi a inspiração para o post de hoje!


Atenciosamente,