Wednesday, January 7, 2009

Ligando o foda-se para o novo acordo ortográfico


Pois é.


Alguém que não tem mais o que fazer, resolveu que era hora de fazer um acordo ortográfico para que nossos patrícios em Portugal e um ou outro gato pingado pelo mundo que fale português possa se comunicar melhor.


PERGUNTA-SE:


Alguém aqui já teve dificuldade de se comunicar com algum português, angolano ou algo semelhante? Por causa das malditas regras? Duvido!


Estou lendo ensaio sobre a cegueira de José Saramago. Não estou tendo dificuldade alguma quanto à compreensão do texto e jamais fiz curso de Português de Portugal. À exceção, é claro, do fato de que o mesmo desconhece o que seja PARÁGRAFO, discurso direito e seus respectivos travessões, o que me enlouquece na hora de ler, mas, fora isso, uma ou outra expressão que não colide com as que habitualmente utilizamos imediatamente consigo identificar o sentido pretendido.


Se ele usasse o Word aqui no Brasil (hahaha) seria punido e considerado ignóbil, já que o Word entende que uma frase não deve conter mais do que 60 vocábulos!


A maior prova disso é que os entraves na comunicação e eventuais fatos geradores de mal entendidos não é a nossa ortografia, e sim a diferença no vocabulário, palavras idênticas, mas com significados diferentes, que causam alguma confusão, constrangimentos e por vezes motivos para piada.


Ora, pois, entrar numa bicha é super comum em Portugal! Porque lá, bicha é fila. Mas vai um Português dizer aqui, numa mesa de bar, que passou horas numa bicha.


Sinceramente, adoro o trema, acho que o acento nos ditongos em proparoxítonas é fundamental e tem lá o seu charme! Como tirar o circunflexo do ditongo “oo”? Soa até insosso!


Querem acabar com o hífen! Assombroso!! Neguinho já erra os dígrafos de consoante dobrada, agora então. Sou contra, totalmente contra. Hífen é charmoso e eu AMO!


Quanto à inclusão de W, K e Y, hahaha isso já está no sangue há muito tempo, afinal, com a internet e globalização, a utilização de vocabulário em inglês e suas abrasileirações, por assim dizer, já integraram essas letras há muito em nosso vocabulário.


Sem contar os pais que batizam seus filhos com nomes estrangeiros, CORRETAMENTE. Sabe no que dava aportuguesamento de nomes estrangeiros? Uóston (Washington), Quéli (Kelly), Méri (Mary). Uma breve “listinha” dos nomes que passaram pelas minhas mãos quando era estagiária de direito no escritório modelo e, depois, na defensoria. Criatividade de brasileiro é uma coisa.


Se querem unificar as nossas línguas, deveriam unificar era o vocabulário para não restar dúvida.


Eu tenho pra mim que nosso português é uma evolução do original, assim como o inglês americano, e creio que as evoluções são sempre para melhor. Imagine dar crédito a uma língua que é falada como há 400 anos atrás? Sem mencionar que somos quase 200 milhões contra menos de 20 milhões de Portugueses e lusófonos.


Na europa os dialetos, ainda que próximos da língua materna são consideradas línguas independentes, como por exemplo o flamenco e o holandês (flemish e dutch) e o espanhol e o catalão, com características bem acentuadas, tipo habitación e habitació, como vi em placas, livros e anúncios na Espanha.


Por mim mudava até de nome, sou favorável ao “brasileiro” como idioma particular. Nós já nos separamos deles há mais de 150 anos. E, no meu humilde entender, acho que o Brasil dá de mil a zero na nossa antiga “mãe”. Só nos falta reconhecer tal condição, grandiosidade e exigirmos o reconhecimento como tal.


E mais: garanto que tem muito mais português querendo vir pra cá do que brasileiro indo pra lá. Afinal 1000 querendo entrar onde tem 20 milhões é uma coisa. 1000 querendo entrar onde existem 200 milhões é uma piada.


É por isso que não entendo, juro que não entendo. Me revolta ver o nosso país tão grandioso beijando a mão de quem não merece e nunca mereceu (não se esqueça de como fomos explorados por eles).Por essas e outras que sou contra o novo acordo. Não vou aderir.


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