Tuesday, January 6, 2009

Crônicas de uma TPM


Eu não acredito em mulher que diz que não tem TPM.

Todas tem, só que algumas são abstraídas o suficiente para não perceberem os efeitos: uma sutil dorzinha aqui e ali, seios inchados, dores nos quadris, um chororô só. E outras orgulhosas demais para admitir, se tornando verdadeiras jaguatiricas quando interpeladas. E pode atirar a primeira pedra aquela que nunca fingiu não ter TPM pra não estragar um primeiro encontro.

Sim eu tenho TPM, ou melhor sofro. Desde sempre, desde que me entendo por gente. Ou melhor: desde que me tornei apta a sofrê-la há cerca de ... 20 anos atrás? Isso 1989.

TPM é mais que um sofrimento, é uma síndrome, um transtorno, uma série de acontecimentos que abalam o emocional de qualquer fêmea na face da terra. Analisemos, então, em que condições uma mulher começa a sofrer com a fatídica TPM.

A TPM invariavelmente começa depois que os hormônios dão o seu fatal sinal de vida para as mulheres, ou melhor, meninas: a menstruação. Que coisa infeliz, um desfavor diria e que, teoricamente marca a fase na qual a mulher estaria apta para procriação segundo a medicina. FALA SÉRIO.

Na época da minha mãe eram 14, 15 anos (a sortuda só fico com 17 e RECLAMA!!), na minha geração 12, hoje em dia meninas de 9, 10 anos menstruam, é um despropósito absurdo que me leva a reforçar minha tese de que hormônios são burros e a natureza não é perfeita.

Qual o propósito de uma CRIANÇA com 10 anos poder procriar? Por isso tem tanta adolescente barriguda por aí. Se a natureza fosse sábia mesmo, ninguém menstruava antes dos 18 e não teríamos mais adolescentes grávidas abandonando os estudos. Mas é apenas uma doce utopia dos meus sonhos, num mundo ideal que não existe.

Pois bem, vejamos eu: a TPM precedeu o desastre na minha vida.

Sim, UMA semana antes do fatídico pior dia da minha vida o prenúncio já se manifestava dando sinais que eu, no auge da inocência, não sabia interpretar: mal humor, cansaço, enjôos, dor de barriga, dores nas pernas, vontade de não sair da cama e cólica, muita cólica. Estava de férias na casa de minha tia, em Juiz de Fora. Frio do cão.

Dor, dor, dor e um dia a maldita veio. Discreta. Silenciosa mas, aos meus 12 anos e meio e num sítio no meio do mato onde não tinha como me defender da situação crítica que minha natureza me impunha e tive que pedir socorro a quem, claro, ela, a mãe, que deveria nos apoiar, ser nossa confidente, afinal, mãe também é mulher e tal.

Eu estressada, de mau-humor pela primeira vez na minha vida e ela sorrindo toda contente e confesso: foi nesse dia que, pela primeira vez na vida, mandei alguém à merda e essa pessoa foi minha mãe:

- Caramba mãe eu to passando mal, quase morrendo e você ta achando lindo?
- Ai minha filha é uma mocinha!!
- Mocinha o KCT e pelo amor de Deus fecha essa boca grande, pois isso não é motivo de alegria nem de orgulho. Eu tô morrendo de dor! Por mim não menstruaria NUNCA!
- Mas minha filha assim você não ia poder ter filhos!
- Nem menopausa! E pra que ter filhos? Tem tanta criança largada por aí, posso adotar!
- Mas minha filha...
- Dá pra ir à merda e na volta me trazer um absorvente????

Minha mãe horrorizada sai, me entrega o pacote maldito e me deixa a sós no banheiro. Duas horas de banho quente depois, relaxada, mas me sentindo o dejeto do mundo, saí do banheiro com destino à minha cama quando fui interceptada pela minha tia que veio correndo e sorrindo e ma abraçando:

- Minha sobrinha já é uma mocinha! Que alegria, ai como eu queria ter tido uma filha!
- Ai como eu queria ter tido a SORTE dos meus primos e ter nascido HOMEM!!

Cara de surpresa, minha tia me solta, vendo a fúria em forma de labaredas em meus olhos e me pergunta se eu quero um chocolate quente pra me acalmar. E uma bolsa de água quente, por favor.

Passei o resto da manhã deitada enrolada no edredon, vendo TV. Tomava banho de hora em hora, me sentindo a criatura mais imunda do mundo. Tudo me incomodava.

Sentia dores, inchaços. Até mesmo nos peitos que ainda não tinha e que passei a desejar veementemente não tê-los a partir daquele dia, mas a natureza não só não ouviu meus apelos como me deu muito mais do que eu pedia, quando ainda queria. Sacana desde sempre.

Tudo me incomodava, até meu cheiro, não queria sentar perto de ninguém, pois na minha cabeça eu exalava um odor fortíssimo e inexplicável, morria de vergonha. E nada, nenhum remédio fazia a dor passar: novalginas a rodo, e as cólicas continuavam e eu querendo matar o mundo e blasfemando Deus por essa desgraça na minha vida.

No fim da noite só piora chega meu primo, 10 anos mais velho, estudante de medicina com um vidrinho de buscopan, discretamente me entrega e me diz:

- Minha mãe disse que você estava com dor... coloca 20 gotas disso num pouco de água com açúcar e entorna que vai ajudar.

Todo sorridente e feliz por ter ajudado e se sentindo O MÉDICO ele vira as costas e sai, tempo suficiente para eu explodir de raiva e de vergonha por dentro: o sangue subira tanto que eu estava com o rosto vermelho e as veias saltando de vergonha: como elas OUSARAM falar isso pra um HOMEM????

Saí dali e encontrei as duas fofocando alegremente num quarto, tranquei a porta e gritei:

- SUAS TRAIDORAS COMO OUSARAM ABRIR ESSA BOCA GRANDE???
- Mas minha filha seu primo é médico!
- Médico o C$R%LH*!!!!! Ele é homem! É meu primo e ainda falta muito pra ser médico vocês não tinham o direito de me expor!!
- Mas a gente só quis te ajudar, você estava passando tão mal que achamos que ele poderia indicar algum remédio melhor pra você sentir menos dor.
- Na minha época, explicava minha tia, não existia remédio algum, mas felizmente depois que tive seus primos tudo passou e nunca mais precisei sequer pensar em remédio, então não sabia o que indicar pra você!
- Não interessa! Chumbinho vocês tinham, teria sido, MUITO, MUITO MELHOR!

E virei as costas, saí pisando fundo e batendo a porta com força. Meu primo coitado, sequer ousou sair do quarto aquela noite.

Sem muita alternativa, me dirigi à cozinha, fiz a recomendação e tomei aquela josta. Meia hora depois senti um alivio superior ao trazido pela novalgina, mas ainda assim tinha dores. PQP será que ele não pegou leve na dose?

Ninguém olhando, pensei muito. Lembrei do meu avô explicando porque colocava o remédio para angina embaixo da língua: é vascularizada e você absorve mais rápido! E não pensei duas vezes: entornei embaixo da língua e tive uma noite divina...

E foi assim que surgiu Mary...

Daí em diante, minha vida se tornou um inferno.

Na escola, entre minhas amigas, minhas atividades, a menstruação e a TPM destruíram minha vida social e minha adolescência que, como sempre digo, nunca tive.

Primeiramente, nunca mais consegui usar saias ou vestidos na minha vida. Tinha pesadelos com desastres incontroláveis que culminariam em sangue escorrendo pelas minhas pernas e todo mundo olhando. Educação física e aquela calça coladinha? Hahahaha! Passava mal sempre e faltava. Só usava aquela calça cafona da escola de corte reto que só serviu pra realçar um quadril que não parava de alargar e um traseiro que só ganhava formas.

No dia em que vinha a dita cuja e a TPM eu me recusava a ir pra escola, ficava muito mal e me incomodava achando que eu estava com um cheiro diferente que só eu sentia.

E a partir daquele ano começou a maior palhaçada de todas: uma médica mais velha que minha avó passou a, semestralmente, fazer exame físico em todas as alunas. Humilhante. Tínhamos que ficar somente de calcinha e sutiã para sermos pesadas e medidas. Passei a usar sutião por causa disso. E não ficava nisso, tinha a constrangedora e fatal pergunta:

- Já ficou mocinha?

Porque diabos tenho que dar satisfação das mazelas da minha vida a uma VELHA que não deve saber que porcaria é essa há pelo menos 30 anos????

Eu rezava copiosamente para que não viesse na semana do maldito exame e neguei veementemente ato final da 8ª série quando finalmente dei uma reposta diferente:

- Já ficou mocinha?
- Não e se Deus quiser nunca ficarei! Hahahaha! Serei criança pra sempre!

E fui embora feliz e contente, com a alma lavada. No ano seguinte, escola nova e sem o exame idiota.

Mas não foi só na escola que a TPM mexeu com minha vida. Ela também destruiu todo o potencial atlético que eu poderia ter.

Em março, logo após o final das férias voltaram as fatídicas aulas de... natação. Fazia aulas no final do dia, junto com adultos, pois tinha uma raia só para mim e porque nadava bem melhor que as outras crianças da minha idade, assim tinha mais atenção, isso desde os 10 anos de idade.

As primeiras semanas numa boa até que... precisei faltar uma semana inteira, bem no fim do mês. O primeiro mês o professor não falou nada, nem no segundo, mas no terceiro chegou um dia e comentou:

- Haaa, já ficou mocinha NE?
- Não estava passando mal.

Junho, idem mesma conversa babaca e eu puta.

Aí, teve a pausa de julho e agosto por causa do inverno.

Setembro se aproximando e eu desesperada, não ia conseguir tolerar aquilo pra sempre e ia acabar desistindo da natação, foi quando Deus, sentindo culpa pelo estrago feito na minha vida, mostrou-me a luz!

No banheiro, desolada, às vésperas de completar meus 13 anos e aguardando o fatídico dia encontrei a solução para o meu problema na forma de flocos brancos na gaveta de minha mãe e ela se chamava O.B.!

Incrível: li e reli o manual zentas vezes. Hoje em dia penso, como o Google poderia ter ajudado mais se existisse naquela época!

Depois de 4 tentativas malsucedidas descobri como funcionava o negócio e me dei por vitoriosa! E provavelmente ainda tinha perdido parte da minha virgindade nessa brincadeira, ou seja, poupei minha pobre mente atormentada de futuras neuras sobre virgindade, dor e etc.

E parti para as aulas.

Última semana do mês apareço eu, feliz e sorridente para nadar e o professor estranha:

- Ora a mocinha está feliz?
- Correção, a CRIANÇA está feliz!
- E porque tão feliz?
- Acabei de fazer 13 anoooos!
- Está se sentindo bem?
- Melhor que nunca! E pulei na água.

Ele não entendeu nada e dali em diante, por mais 3 ou 4 anos, não recordo, nunca mais perdi uma aula de natação. Tirando, é claro, quando calhava de ser no dia em que vinha, mas depois desse dia, nunca mais tive indisposição. E minha mãe nunca deu falta dos O.B. que curiosamente sumiam todos os meses e nunca desconfiou de mim... E o professor babaca nunca mais fez UM comentário sequer.

Problema só foi mesmo quando minha mãe decidiu que, aos 14 anos, era hora de ir no ginecologista e marcou horário com o dela... HOMEM. Sem ter muita noção do que era, fui mas na hora do exame me neguei. Ele tentou de todos os meios me tranquilizar, dizendo que era só um exame e que ele era apenas médico mas não houve jeito:

- Meu pai não me vê nua desde os 5 anos de idade e sem a parte de cima do biquini desde os 6. O próximo homem que vier a me ver nua ou de ou vai ser meu namorado ou o agente funerário!

Recado dado e compreendido, ele não insistiu. Mas como minha mãe insitia que tinha que ir a um médico, acabei indo numa amiga da minha mãe, porra louca, compreensiva, que também sofria de TPM e nunca contou pra ela da pré-perda da virginidade via O.B. E olha que ela virou paciente dela e assim continuou por anos.

Médico homem na minha vida, só o oftalmologista e meu alergista pediátrico. E olhe.

TPM destróia a vida social sim e atrapalha relacionamentos.

Deixei de sair com alguns carinhas justamente por estar nas proximidades dos dias e eles nunca mais me chamaram pra sair, não entendiam, deviam me achar doida. Já paguei micos em primeiros encontros e algumas saias justas, como exagerar no perfume pra abafar cheiro que não existia. E pra tentar explicar ao namorado que aquele dia não rolava?

Já parei até em hospital por causa de TPM. Exagerada? Não?

Pra quem não sabe, TPM existe e pode ser classificada em 6 a 7 ou 8 grupos de acordo com os sintomas e, ADVINHE, em qual deles eu me enquadro? O pior deles, claro.

Sem chorar minhas mazelas, só tem uma coisa pior que cólica: ENJÔOS. Sim, daqueles que te fazem por tudo pra fora, até água. Ou seja: remédios, nem pensar, nada para no meu estômago e sempre que isso coincidia com mês de cólicas violentas... pronto socorro.

Após meus 20 anos e uma tentativa frustrada da ginecologista em sanar minha TPM com pílulas, que me fez engordar horrendamente, tudo piorou. Quando parei de tomá-las, a TPM voltou com tudo!

Religiosamente umas duas vezes por ano isso me acontecia, sentia dores alucinantes e corria pro pronto socorro. Na primeira vez, o médico me olhava com um olhar misto de horror e surpresa. Na segunda já safo, médicos e enfermeiros tornavam agradável a minha passagem pelo pronto socorro: plasil na veia e umas duas ou três doses de buscopan na veia seguravam a fera em menos de meia hora. Nas crises críticas, Tylax.

Uma noite dormindo na enfermaria, após rir com as piadas dos enfermeiros definitivamente cura o ânimo de qualquer TPM. No dia seguinte me levantava e ia para casa a pé mesmo, sem dores, mas extremamente cansada. Passava na padaria, comprava o pão e ia pra casa seguir minha vida como se nada tivesse acontecido.

Hoje em dia descobri que parte dos meus transtornos se deve a problemas alimentares que estou corrigindo. A TPM continua, irascível, mas já consigo controlar melhor. Faz mais de um ano que não paro no hospital e um plasil preventivo alguns dias antes resolve tudo!

E para os homens que ficam dizendo que TPM é frescura, digo para vocês sim, dói, dói pra caramba em algumas mulheres e, pra mim é alucinante e eu fico de mau humor mesmo. Quando a dor é insuportável nem humor eu consigo ter, mau ou bom, eu fico completamente apática e dengosa. Prato cheio para os ex-namorados carinhosos que podem me carregar nos braços, me por no colo, dar comida na boca e fazer cafuné sem medo. Me sinto um bichano sedado.

Como vocês nunca passarão por isso, por terem a sorte de ter nascido homens, vou dizer que apenas UMA coisa em toda a minha vida doeu mais e foi mais desesperadora que a pior das minhas TPMs ela se chama CRISE RENAL.

Tive uma no ano passado. Cheguei no pronto socorro de costume, pálida, lábios roxos e o povo que já me conhece foi logo me carregando para dentro, chamando o médico que até se espantou quando disse que não era TPM e ele foi logo me tranqüilizando:

- As se é isso então relaxa... buscopan e Tylax que nem vc toma quando está com muitas cólicas e, se precisar, segura isso em qualquer um, você já está acostumada com isso.

E foi o buscopan, outro, e outro... Tylax na idéia, nada e a dor não parava de aumentar e o médico bolado. Foi aí que vi ele injetar no soro uma parada que eu não conhecia, mas nem deu tempo de perguntar. Coração na boca e disparado, vista turva, comecei a sentir sede, vi elefantes cor de rosa dançando no teto, parecia que todos os enfermeiros estava deformados e rindo de mim entrei em pânico! Vou morrer!!

- Calma é assim mesmo já já você melhora!

15 minutos depois me segurando na cama e dizendo que eu não ia morrer a dor começou a passar, meu corpo relaxou e me senti como aquela torta mousse de chocolate depois de 10 segundos no microondas:

- O que foi isso doutor?
- Morfina...

Diferença da TPM pra Crise renal: uma dose MÍNIMA de morfina para segurar. Quem já teve crise renal séria sabe. Então resta evidente que o limiar da dor é bem sutil.

Portanto, caros amigos do sexo masculino, não subestimem a TPM e seus efeitos nocivos na mulher ou desejarei uma crise renal mensal a cada um de vocês.

Amiga mulher, se a sua TPM não é assim dê graças a Deus, mas não negue sua existência, assuma, assuma o controle e seja feliz.

Agora me entendem ou ainda preciso desenhar?

Mary

5 comments:

  1. Mary,

    CONCORDO com o fato de que a menstrução DEVERIA vir depois dos 18 anos! Menstruei com 10 anos e por ser tão "menininho" não cai muito na pilha.

    A TPM VEIO COM TODA logo depois da minha gravidez (não sei explicar isso) e foi ATENUADA (não ficou inexistente) depois dos 26. O fato é que quando faço algo MUITO ABSURDO: Culpo a bendita TPM, valho-me dela! Nada mais justo!

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  2. Zíngara, invejo-te!

    Por mais que me controle nõa consigo ter lucidez suficiente para por a culpa por meus atos impensados em algo ou alguém. Ou me transformo numa tsunami e ponho tudo embaixo de água ou choro e fico molenga, desanimada e insossa.

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  3. O Deus tirano que faz vocês menstruarem o mais cedo possível se chama Genes... Para eles escolas, lazer ou esportes não tem a menor importância e nós somos apenas seus escravos reprodutores.

    Já a dor que vc e algumas outras mulheres sentem quando mestruam eu não sei, vai ver é uma tramóia dos Memes para inspirá-las e falar sobre isso ou compensar o desconforto criando novos memes, algo do tipo: "EU NÃO SOU UM SACO DE ÓVULOS! EU TENHO IDÉIAS" ;-)

    Acho que nunca senti dores como as que vc sente, viu? Mas seu relato é cativante! Fiquei imaginando aquela miniMary de cara amarrada e batendo portas!

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  4. Mary, me indicaram um tal óleo de semente de prímula que previne os sintomas da TPM se tomado regularmente. Ainda não encontrei esse "milagre" nas farmácias mas pretendo tentar!!!
    Adorei o texto e até me lembrei dos exames da escola... KKKKKK

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  5. Óleo de prímula é mole de achar mas se não achar, compre aqueles megapotes que tem Omega 3, 6 e 9 pois eles levam óleo de primula na composição e tem os demais que, em tese, fazem bem à saúde. E mais em conta também por incrível que pareça. Farmalife vc acha fácil e a um preço acessível.

    Tomo duas vezes por dia e não sinto nada de diferente.

    Mas meu colesterol, que já era lindo, virou Mister Universo!

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